Mapeamento colaborativo como estratégia de ensino de cartografia: um relato de experiência com o aplicativo Canvis
DOI:
https://doi.org/10.51359/2594-9616.2022.251657Palavras-chave:
VGI, Cartografia Colaborativa, Cartografia Social, Cartografia EscolarResumo
Diante do aumento da produção de Informações Geográficas Voluntárias (VGI, em inglês) geradas pelo mapeamento colaborativo em plataformas online, faz-se necessário refletir sobre relações com o ensino de Cartografia. Este trabalho traz um relato de oficina com uma das primeiras experiências do aplicativo de mapeamento colaborativo Canvis, no ensino de Geografia. O objetivo foi a indicação de locais vividos antes e durante a pandemia da COVID-19. O mapeamento colaborativo foi realizado por 42 alunos do ensino médio, que também responderam um questionário avaliativo sobre as dificuldades e potencialidades da metodologia, em agosto de 2020. Foram mapeados ao todo 148 pontos dentro da área urbana de Santa Maria, sendo 57 locais que interagiam antes da pandemia e 91 locais que convivem durante a pandemia. Os alunos passaram a vivenciar o território de nove bairros, o que vai contra a hipótese inicial, de que os alunos estavam mais restritos a pontos em seus bairros. Percebe-se um aumento de pontos em endereços residenciais, assim como em hipermercados, enquanto praças e bares/restaurantes não são mais frequentados. Destaca-se que os alunos apontaram a experiência com o uso do mapeamento colaborativo como positiva, principalmente por torná-los sujeitos ativos no mapeamento, embora algumas dificuldades de localização tenham sido evidenciadas. É necessário assim, considerar a prática como uma via de mão dupla, pois ao fomentar a alfabetização cartográfica, também demanda que o aluno tenha noções básicas que permitam que o mesmo se guie na plataforma colaborativa, além de considerar a idade dos alunos.
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