A terrível descoberta do drama da fome
a circulação do romance Homens e Caranguejos de Josué de Castro.
DOI:
https://doi.org/10.51359/2675-7354.2024.262050Palavras-chave:
Josué de Castro, fome, Literatura, circulação , ditadura civil-militar brasileiraResumo
O presente artigo busca analisar a circulação internacional do romance Homens e Caranguejos, de Josué de Castro, bem como as representações da fome feitas em suas páginas. O livro foi publicado simultaneamente em outubro de 1966 na França, em Portugal e na Espanha. Além disso, a obra conta com 9 traduções e 11 edições. Em abril de 1964, Josué de Castro foi exilado pela ditadura civil-militar brasileira, portanto, o momento de escrita do romance foi durante o seu exílio em Paris. A narrativa da história é contada a partir das vivências de um menino chamado João Paulo, que, fugindo da seca do sertão com sua família, busca melhores condições de vida nos mangues do Recife, para compor o ciclo do caranguejo. Na obra, também estão presentes as críticas do autor às estruturas agrárias e capitalistas exploratórias e produtoras da fome, bem como relatos de memória de sua infância nos alagados do Recife. O romance é visto como uma denúncia, um grito de alerta em prol dos famintos. O renome internacional de Josué de Castro, atrelado às redes de sociabilidade que este construiu, auxiliou na ampliação da capacidade de circulação do romance, sobre a qual percebemos ainda que tem um alcance internacional amplo, com diversas críticas elogiosas na imprensa de periódicos franceses, norte-americanos, espanhóis, português, entre outros.
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