Crianças surdas, laço social e linguagem: uma abordagem antropológica sobre apropriação de linguagem de crianças surdas na Ilha do Marajó (PA)
DOI:
https://doi.org/10.51359/2675-7354.2022.253536Palabras clave:
etnografia, crianças, surdez, cultura, linguagemResumen
Este artigo apresenta um estudo etnográfico sobre experiências sociais com vistas à apropriação de linguagem de crianças surdas, realizado nas comunidades do Céu e Caju-Una, situadas no município de Soure, na Ilha do Marajó (PA), através do qual é discutido o modo como as crianças se introduzem no campo da linguagem a partir de suas relações familiares e das vivências em comunidade. Neste estudo, a linguagem é destacada como um fenômeno ligado às relações primordiais que, gradativamente, vai se ampliando na medida em que se incorpora à realidade subjetiva dessas crianças. Tal estudo confirma a importância do laço social para as construções simbólicas que enriquecem o campo da linguagem e preparam o terreno à emergência da língua. A fim de entender a circulação linguística em situações observadas em campo, o autor descreve, aqui, o modo como as relações de dominação linguística são forjadas no âmbito da cultura, como as crianças surdas constroem seus laços sociais e como se posicionam em relação às brincadeiras compartilhadas nos espaços da casa e na vida comunitária. É a riqueza simbólica que nos permite descortinar a linguagem na experiência humana e exercitar um novo olhar sobre as experiências que animam a vida cotidiana das crianças marajoaras, num cenário em que o autor se inclui como antropólogo e participa como escritor desse rico universo.
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