A Revolução dos Bichos: Papel das Fontes de Poder em Situações de Conflito

Autores

  • Diego de Queiroz Machado Universidade Federal do Ceará
  • Editinete André da Rocha Garcia Universidade Federal do Ceará
  • Augusto César de Aquino Cabral Universidade Federal do Ceará
  • Fátima Regina Ney Matos Universidade Potiguar (Brasil) e Instituto Superior Miguel Torga (Portugal)

DOI:

https://doi.org/10.21714/1679-18272019v17n2.p120-136

Palavras-chave:

Poder, Conflito, Estudo observacional, Narrativa fílmica, Revolução dos Bichos

Resumo

Situando-se dentro da abordagem foucaultiana de poder e tendo em vista avançar no exame das relações de poder em um sistema social, este estudo tem como objetivo analisar o impacto das principais fontes de poder em situações de conflito. Para tanto, optou-se pela utilização de uma abordagem qualitativa, fundamentada na técnica de estudo observacional em linguagem fílmica, tendo como fonte de dados narrativos o filme A Revolução dos Bichos. Dentre as fontes de poder apresentadas, destacou-se o papel dos símbolos de poder como elementos ratificadores e fortalecedores das relações de poder estabelecidas, sendo utilizados, desse modo, por humanos e animais. Além do papel dos símbolos, foram também considerados como fontes de relações de poder a autoridade formal, o controle do conhecimento e da informação, a habilidade de lidar com incertezas, controle da tecnologia, controle das contra-organizações e o poder que já se tem, tendo em vista que podem ser fortemente observados no filme analisado.

Biografia do Autor

Diego de Queiroz Machado, Universidade Federal do Ceará

Professor adjunto do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria (PPAC) e da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em Administração pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Editinete André da Rocha Garcia, Universidade Federal do Ceará

Doutora em Administração de Empresas na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e professora adjunta da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo (FEAAC) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Augusto César de Aquino Cabral, Universidade Federal do Ceará

Doutor em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor associado no Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria (PPAC) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Fátima Regina Ney Matos, Universidade Potiguar (Brasil) e Instituto Superior Miguel Torga (Portugal)

Doutora em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professora titular da Universidade Potiguar (UnP) e professora auxiliar do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT) de Portugal.

Referências

AGUIAR, S. Redes sociais na internet: desafios à pesquisa. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 30, 2007. Anais... Santos, SP: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2007.

ANIMAL FARM. Direção: John Stephenson. Produção: Greg Smith e Robert Halmi. Intérpretes: Kelsey Grammer; Ian Holm; Julia Louis-Dreyfus; Patrick Stewart; Julia Ormond; Paul Scofield; Pete Postlethwaite; Peter Ustinov. Roteiro: Alan Janes, Martyn Burke e George Orwell. Música: Richard Harvey. Reino Unido: Hallmark Films. 1 DVD (91 min). color., legendado.

ARENDT, H. On violence. New York: Hancourt, 1970.

BACCEGA, M. A. Conhecimento, informação e tecnologia. Comunicação & Educação, v. 4, n. 11, p. 7-16, 1998.

BARNEY, J. B. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 17, n. 1, p. 99-120, 1991.

BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

BASTOS, A. V. B.; COSTA, P. R. Os vínculos do trabalhador com a organização e o sindicato: padrões de comprometimento e valores relativos ao trabalho. Organizações & Sociedade, v. 5, n. 13, p. 87-105, 1998.

BOFF, L. H.; ABEL, M. Autodesenvolvimento e competências: o caso do trabalhador de conhecimento como especialista. In: RUAS, R.; ANTONELLO, C. S.; BOFF, L. H. Aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 2005.

BOUDON, R. Tratado de sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

BOURDIEU, P. Language and symbolic power. Cambridge: Harvard University Press, 1991

BURSZTYN, M. O poder dos donos: planejamento e clientelismo no nordeste. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

CAPPELLE, M. C. A.; MELO, M. D.; BRITO, M. J. M.; BRITO, M. D. Uma análise da dinâmica do poder e das relações de gênero no espaço organizacional. RAE eletrônica, v. 3, n. 2, p. 1-17, 2004.

CARBONE, P. P. Fenômenos ligados ao autoritarismo organizacional: a visão crítica de guerreiro ramos sobre organização autocrática. Revista de Administração Pública, v. 25, n. 3, p. 85-100, 1991.

CHANDLER, A. D. Strategy and structure: chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge,MA: M.I.T. Press, 1962.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

CLEGG, S. R. Tecnologia, instrumentalidade e poder nas organizações. Revista de Administração de Empresas, v. 32, n. 5, p. 68-95, 1992.

COHEN, A. Antropología política: El análisis del simbolismo en las relaciones de poder. In: LLOBERA, J. R. (Org.). Antropología política. Barcelona: Anagrama, 1979.

CROCHIK, J. L. Os desafios atuais do estudo da subjetividade na Psicologia. Psicol. USP, v. 9, n. 2, p. 69-85, 1998.

DEL CASTILLO, A. M. Simbolismo y poder: un estudio antropológico sobre compadrazgo y priostazgo en una comunidad andina. Barcelona: Anthropos, 1989.

DELEUZE, G. A imagem-tempo. São Paulo: Braziliense, 2005.

FABIAN, J. A prática etnográfica como compartilhamento do tempo e como objetivação. Mana, v. 12, n. 2, p. 503-520, 2006.

FALCINI, P. Organizações como configurações naturais do poder. Revista de Administração de Empresas, v. 33, n. 1, p. 6-15, 1993.

FEENBERG, A. Racionalização subversiva: tecnologia, poder e democracia. In: NEDER, R. T. (Org.). A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia. Brasília: Observatório do Movimento pela Tecnologia Social na América Latina / CDS / UnB / Capes, 2010.

FIGUEIREDO, P. N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. Rio deJaneiro: LTC, 2009.

FONTENELLE, I. A. Construção e desconstrução de fronteiras e identidades organizacionais: história e desafios do McDonald’s. Revista de Administração de Empresas, v. 47, n. 1, p. 60-70, 2007.

FOUCAULT, M. História da Sexualidade I: a Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1976.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1975.

FREEMAN, C. Introduction. In: DOSI, G.; FREEMAN, C.; NELSON, R.; SILVERBERG, G.; SOETE, L. L. (Eds.). Technical change and economic theory. London: Pinter Publishers, 1988.

GIFFIN, K. Gender violence, sexuality and health. Cadernos de Saúde Pública, v. 10, n. 1, p. 146-155, 1994.

GONTIJO, A. C.; MAIA, C. S. C. Tomada de decisão, do modelo racional ao comportamental: uma síntese teórica. Cadernos de Pesquisa em Administração, v. 11, n. 4, p. 13-30, 2004.

GUTIERREZ, G. L. Gestão comunicativa: maximizando criatividade e racionalidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

HINDE, R. A. Relationships: a dialectical perspective. Hove, UK: Psychology Press, 1997.

HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Martins Editora, 2008. (Publicado originalmente em 1651).

JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C. G. (Org.). O homem e os seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008

KANTER, R. M. Men and women of the corporation. New York: Basic Books, 1977.

KEYNES, J. M. The general theory and after: defence and development. London: MacMillan, 1973.

LEMENHE, M. A. Família, tradição e poder: o (caso) dos coronéis. São Paulo: Annablume, 1996.

LIMONCIC, F. Do pacto nacional à globalização: Estado e sindicato na regulação do capitalismo norte-americano. Revista de História Regional, v. 4, n. 1, p.129-146, 1999.

LOIOLA, E.; BASTOS, A. V. B.; QUEIROZ, N.; SILVA, T. D. Dimensões básicas de análise das organizações. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Orgs.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2009.

LOMBARDI, M. F. S.; BRITO, E. P. Z. Incerteza subjetiva no processo de decisão estratégica: uma proposta de mensuração. Revista de Administração Contemporânea, v. 14, n. 6, p. 990-1010, 2010.

MACEDO, T. M. B. Redes informais nas organizações: a co-gestão do conhecimento. Ciência da Informação, v. 28, n. 1, p. 94-100, 1999.

MACHADO, D.; MATOS, F. R. N. (Orgs.). Estudos observacionais em linguagem fílmica. Curitiba: EditoraCRV, 2012.

MACHADO, D.; MATOS, F. R. N.; MESQUITA, R. F. O poder da linguagem fílmica. In: MATOS, F. R. N.; MESQUITA, R. F.; MACHADO, D. (Orgs.). Estudos observacionais em linguagem fílmica: ética e poder. Curitiba: Editora Prismas, 2017.

MARX, K. O Capital: Crítica da economia política. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013. (Publicado originalmente em 1867).

MEYER, D. E. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Rev. Bras. Enferm., v. 57, n. 1, p. 13-18, 2004.

MINTZBERG, H. The organization as political arena. Journal of Management Studies, v. 22, p. 133-154, 1985.

MOORE, H. Fantasias de poder e fantasias de identidade: gênero, raça e violência. Cadernos Pagu, v. 14, p. 13- 44, 2000.

MORGAN, G. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 2009.

NIETZSCHE, F. W. Aurora: Reflexões Sobre os Preconceitos Morais. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. (Publicado originalmente em 1881).

OLIVARES, J. E. F. Negociação para configurar o desenho da estrutura organizacional em rede. Caderno de Pesquisas em Administração, v. 9, n. 3, p. 13-26, 2002.

ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 9. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2010. ORWELL, G. A revolução dos bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

PENROSE, E. T. The theory of the growth of the firm. New York: Wiley, 1959.

PFEFFER, J. Power in organizations. Cambridge, MA: Bellinger Publishing, 1981.

PFEFFER, J.; MOORE, W. L. Power in university budgeting: a replication and extension. Administrative Science Quarterly, v. 25, n. 4, p. 637-653, 1980.

PFEFFER, J.; SALANCIK, G. R. Organizational decision making as a political process: the case of a university budget. Administrative Science Quarterly, v. 19, n. 2, p. 135-151, 1974.

PRATES, A. A. P. Sindicato: organização e interesses na sociedade capitalista avançada. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 1, n. 2, 1996.

PROENÇA, R. P. C. Aspectos organizacionais e inovação tecnológica em processos de transferência de tecnologia: uma abordagem antropotecnológica no setor de alimentação coletiva. 1996. Tese (Doutorando em Engenharia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1996.

QUINELLO, R. A teoria institucional aplicada à administração: entenda como o mundo invisível impacta na gestão dos negócios. São Paulo: Novatec Editora, 2007.

REGO, F. G. T. Cultura, Poder, Comunicação e Imagem. São Paulo: Cengage Learning, 1992.

REIS, E. P. Opressão burocrática: o ponto de vista do cidadão. Revista Estudos Históricos, v. 3, n. 6, p. 161-179, 1990.

SÁ, M. G. O poder, a política e os bichos de Orwell: um ensaio sobre a revolução dos bichos. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 1, n. 2, p. 69-71, 2003.

SÁ, M. G.; SOARES, G. J. V. Reflexões sobre poder e controle nas Organizações da Economia Solidária (OES): um olhar à luz dos bichos de Orwell. Cadernos EBAPE.BR, v. 3, n. 2, p. 1-13, 2005.

SACOMANO NETO, M.; ESCRIVÃO FILHO, E. Estrutura organizacional e equipes de trabalho: estudo da mudança organizacional em quatro grandes empresas industriais. Gestão & Produção, v. 7, n. 2, p. 136-145, 2000.

SIMON, H. A. A behavioral model of rational choice. Quarterly Journal of Economics, v. 69, p. 99-188, 1955.

SOLINO, A. S.; EL-AOUAR, W. A.O processo de tomada de decisões estratégicas: entre a intuição e a racionalidade. Cadernos de Pesquisa em Administração, v. 8, n. 3, p. 15-26, 2001.

SPERBER, D. El simbolismo en general. Barcelona: Anthropos, 1978.

STEIL, A. V. Organizações, gênero e posição hierárquica: compreendendo o fenômeno do teto de vidro. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 32, n. 3, p. 62-69, 1997.

TARAPANOFF, K. Informação, conhecimento e inteligência em corporações: relações e complementaridade. In: TARAPANOFF, K. (Org.). Inteligência, informação e conhecimento em corporações. Brasília, DF: IBICT, UNESCO, 2006.

TOFFLER, A. Powershift: knowledge, wealth, and violence in the 21st century. New York: Bantam Books, 1990.

TOFFLER, A. The third wave. New York: Bantam Books, 1980.

VASCONCELLOS, E.; HEMSLEY, J. R. Estrutura das organizações: estruturadas tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

VASCONCELOS, F. C. Racionalidade, autoridade e burocracia: as bases da definição de um tipo organizacional pós-burocrático. Revista de Administração Pública, v. 38, n. 2, p. 199-220, 2004.

VENTORINI, B.; GARCIA, A. Relacionamento interpessoal: da obra de Robert Hinde à gestão de pessoas.Revista Psicologia, v. 4, n. 2, p. 117-143, 2004.

WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília, DF: Editora UnB, 1999. (Publicado originalmente em 1922).

WITT, A. Importância e aproveitamento da organização informal. Revista de Saúde Pública, v. 3, n. 2, p. 203- 212, 1969.

WOOD JR., T. Organizações de simbolismo intensivo. Revista de Administração de Empresas, v. 40, n. 1, p. 20-28, 2000.

YIN, R. K. Case study research: design and methods. 4. ed. Thousand Oaks: Sage, 2009.

Downloads

Publicado

2020-06-02

Edição

Seção

Artigos