Imagens que contam: guerra e memória em Moçambique

Autores

  • Catarina Amorim de Oliveira Andrade UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
  • Márcia Larangeira Jácome Unicap - Universidade Católica de Pernambuco.

DOI:

https://doi.org/10.34176/icone.v16i2.238032

Palavras-chave:

1. Cinema, 2. imagens de guerra, 3. memória, 4. experiência, 5. Moçambique.

Resumo

Este artigo se debruça sobre o filme Terra Sonâmbula (Teresa Prata, 2007) para buscar a potencialidade da imagem de guerra, desde sua proveniência à destinação (MONDZAIN, 2017). Nesse sentido, questionamos: o que constitui uma imagem de guerra? Como se configura essa imagem no filme? De que modos tal imagem tangencia e/ou se contrapõe a uma narrativa hegemônica no contexto de conflitos de guerra, evidenciando-se como dimensão importante nos processos de (re)construção da história e da memória individual e coletiva em uma nação independente? A partir dessas indagações, importa pensar a imagem considerando que a sua construção de sentidos se dá por meio do imbricar de domínios – afetivo, político, sociocultural, estético, econômico, tecnológico - e, sobretudo, que envolve processos como o pensamento, a percepção, a memória (BERGSON, 2011), engendrando narrativas que se movem entre a permanência de tradições e mudanças nas práticas sociais para tratar da experiência da guerra.

Biografia do Autor

Catarina Amorim de Oliveira Andrade, UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

Professora Departamento de Letras/Francês UFPE. Doutora em Comunicação/Cinema (UFPE). Autora do livro As Fronteiras da Representação: imagens periféricas no cinema francês contemporâneo e co-autora dos livros Cinema, Globalização, Transculturalidade, Filmes da África e da Diáspora. Foi coordenadora e curadora do cineclube da Aliança Francesa Recife (2013-2017). Atua principalmente nos temas: memória, identidade, corpo, pós-colonialismo, interculturalidade, cinema contemporâneo.

Márcia Larangeira Jácome, Unicap - Universidade Católica de Pernambuco.

Mestre em Comunicação Social pelo Programa de Pós-graduação de Comunicação Social da UFPE. É discente no Curso de Especialização em Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual da Universidade Católica de Pernambuco. Trabalhou em emissoras de rádio e televisão no Rio e no Recife. Integrou a equipe do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia (1991-2009), onde foi Coordenadora de Comunicação e desde 2009, atua como consultora independente para organizações sociais. Entre 2016 e 2017, morou em Moçambique, onde atuou consultora técnica do Ministério de Género, Criança e Acção Social, no âmbito do Projeto Trilateral Brasil-África: lutar contra a pobreza e empoderar as mulheres via Cooperação Sul-Sul.

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Publicado

2018-11-16

Edição

Seção

Dossiê