Saúde Coletiva e o Planeta Comum: o Chamado das Mulheres Indígenas de Cura pela Terra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2525-7668.2021.250068

Palavras-chave:

Mulheres Indígenas, Corpo-território, Bem Viver, Decolonização, Pluralismo

Resumo

Este artigo reflete sobre o que vem sendo coletivizado e publicizado pelo Movimento de Mulheres Indígenas no Brasil, por meio uma pedagogia política que dialoga diretamente com movimentos e lutas de caráter mais geral e com pautas e agendas como o Bem Viver, o decrescimento, a desglobalização (nomeando o capitalismo) assim como se apropria do feminismo – pautando ecofeminismos e feminismos comunitários (nomeando o patriarcado). As mulheres indígenas dialogam assim com pilares importantes do pensamento decolonial na América Latina pautando desigualdades de raça, etnia e gênero. Conversam também com as ideias de Mãe Terra e de Pedagogia da Terra pautando movimentos anti-antropocêntrico pela nossa casa comum. Me interesso menos sobre seus regimes ontológicos particulares (que poderíamos chamar de cultura) e mais sobre a decisão política de quais aspectos destas “culturas” podem ser alavancados para construir alianças políticas. Histórias sobre adoecimento e sobre pandemias continuadas, mas também sobre o reencantamento pela vida: sobre coisas que ignoramos como coletividade colonial. Nas palavras das mulheres indígenas, sobre indigenizar e reflorestar corações.

Biografia do Autor

Marianna Assunção Figueiredo Holanda, UnB

Doutora em Bioética (UnB). Professora do curso de Saúde Coletiva (FCE/UnB) e Pós-Graduação em Bioética (UnB).

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Publicado

2021-04-05

Edição

Seção

Artigos em fluxo contínuo