O “ciclo de violência contra a mulher” enquanto um artefato educativo: currículo e pedagogia cultural na fronteira Brasil-Bolívia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2525-7668.2025.266277

Palavras-chave:

currículo, pedagogia cultural, violência, mulher

Resumo

O objetivo desta pesquisa é analisar o currículo e a pedagogia cultural do artefato “Ciclo de Violência contra a Mulher”. O referido artefato é compreendido como um produto cultural possível de ser inteligível em termos contextuais, representacionais e por meio de relações de poder. A metodologia utilizada é a qualitativa, com entrevistas semiestruturadas com seis mulheres moradoras da região de fronteira Brasil/Bolívia. O resultado aponta que o conteúdo do artefato focado é verídico na percepção das mulheres e para o quanto o que ele ensina está demandando atualizações em termos de representação da própria mulher enquanto vítima. A pedagogia da violência contra a mulher que o artefato faz circular enquanto conhecimento foi possível de ser acessada também porque, em termos teórico-metodológicos, em uma perspectiva pós-crítica, este estudo reconhece a importância do lugar de corpo da pesquisadora principal e buscou contextualizar e não generalizar as prospecções dadas em entrevistas pelas participantes.

Biografia do Autor

Cristiane Maria de Jesus Garcia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Tiago Duque, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professor da Faculdade de Ciências Humanas (FACH) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Campus de Campo Grande) e dos Programas de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (PPGEDU-FAED) e do Campus do Pantanal (PPGE-CPAN).

Referências

Anuário brasileiro de segurança pública 2024. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 18, 2024.

Bernardino, Ítalo de Macedo; Barbosa, Kevan Guilherme Nóbrega; Nóbrega, Lorena Marques da; Cavalcante, Gigliana Maria Sobral; Ferreira, Efigênia Ferreira e; D’avila, Sérgio. Violência contra mulheres em diferentes estágios do ciclo de vida no Brasil: um estudo exploratório. Revista Bras Epidemiol, Campina Grande, 19(4): 740-752, 2016.

Brasil, Lei nº 11.340, de 07 de Agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a Mulher, Brasília, 2006.

Brasil, Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria de Politicas para as Mulheres (SPM). Viver sem violência é direito de toda a mulher, Brasília, 2015.

Butler, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução Renato Aguiar. Ed. 21º. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

Debert, Guita Grin. Gregori, Maria Filomena. Violência e Gênero Novas propostas, velhos dilemas. Revista brasileira de Ciências Sociais, v. 23 nº. 66, p. 166-185, 2008.

Duque, Tiago. Corpo de fala e pesquisa: autoreflexões sobre identidade e diferença. In: Nogueira, Gilmaro; Mbandi, Nzinga; Trói, Marcelo de. (Orgs). Lugar de fala: conexões, aproximações e diferenças. Salvador: editora Devires, 2020, p. 71-77.

Duque, Tiago. O quadro “preso” e a proibição da linguagem neutra: ofensiva antiigualitária em Mato Grosso do Sul. Revista da FAEEBA: Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 32, n. 72, p. 31-49, 2023. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-70432023000400031&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 out. 2024.

Duque, Tiago. Deve o pesquisador beber catuaba? Experiências teórico-metodológicas na era digital. In: Oliveira, Danilo Araujo; Silva-Silva, Luiza Cristina; Sales, Shirlei (Orgs.). Metodologias de pesquisas científicas no ciberespaço/cibercultura. Curitiba: Appris, 2024, p. 41-59.

Ellsworth, Elizabeth. Modos de endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de educação também. In: Silva, Tomaz T. da. (Org.). Nunca fomos humanos: nos rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 7-76.

Foucault, Michel. História da Sexualidade I: A Vontade de Saber. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. São Paulo: Graal, 2005.

Foucault, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). E. Brandão (trad.); Claudia Berliner (rev. trad.). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

Gil, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. Ed. Atlas SA, 2008.

Hall, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.

IBGE. Censo Demográfico. Cidades. 2022.

Knudsen, Patrícia Porchat Pereira da Silva. Conversando sobre psicanálise: entrevista com Judith Butler. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 18, n. 1, p. 161-170, 2010.

Maknamara, Marlécio. Quando artefatos culturais fazem-se currículo e produzem sujeitos. Reflexão e Ação. Santa Cruz do Sul, v. 27, n. 1, p. 04-18, 2020.

Meyer, Dagmar Estermann; Paraíso, Marlucy Alves. (Orgs). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. 2. ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2014.

Miskolci, Richard; Pereira, Pedro Paulo G. Educação e Saúde em disputa: movimentos anti-igualitários e políticas públicas. Interface, Botucatu, p. 1-14, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/Interface.180353. Acesso em: 14 jun. 2023.

Oliveira, Anderson Eduardo C. de. Políticas Públicas no Combate à Violência de Gênero: A criação de Centros de Educação e Responsabilização para Homens Agressores. In: Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, 7., 2011, Bahia. Anais [...]. Bahia, 2011 p. 1-15.

Oliveira, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

Paraíso, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisa pós-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In: Paraíso, Marlucy Alves; Caldeira, Maria Carolina da Silva (Orgs.) Pesquisas sobre currículo, gêneros e sexualidades. Belo Horizonte: Mazza Edições, p. 23-45, 2018.

Piscitelli, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. In: Sociedade e Cultura, Goiânia, v.11, n. 2, p. 263-274, 2008.

Ramos, Maria Eduarda. Oltramari, Leandro Castro. Atividade Reflexiva com Mulheres que Sofreram Violência Doméstica. Psicologia Ciência e Profissão, v. 30, n. 2, p. 418-427. 2010.

Sabat, Ruth. Pedagogia cultural, gênero e sexualidade. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 4-21, 2001.

Steinberg, Shirley R. Kindercultura: construção da infância pelas grandes corporações. In: Silva, Heron Da; Azevedo, José C.; Santos, Edmilson S. dos. Identidade Social e a Construção do Conhecimento. Porto Alegre. Ed. Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre – Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1997. p. 98-145.

Scott, Joan W. A invisibilidade da experiência. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, 16, 2012, p. 297-325.

Silva, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Steinberg, Shirley R. Kindercultura: construção da infância pelas grandes corporações. In: Silva, Luiz Heron Da; Azevedo, José Clóvis De; Santos, Edmilson S. dos. Identidade Social e a Construção do Conhecimento. Porto Alegre. Ed. Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre – Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1997, p. 98-145.

Teles, Maria Amélia de Almeida. Breve história do Feminismo no Brasil e outros ensaios. São Paulo: Editora Alameda, 2017.

Downloads

Publicado

2025-06-27

Edição

Seção

Artigos em fluxo contínuo