Editorial

Authors

  • Alexandre Chaves Bezerra Universidade Federal de Pernambuco
  • Anderson Camargo Rodrigues Brito Universidade Federal de Pernambuco
  • Claudio Ubiratan Goncalves Universidade Federal de Pernambuco
  • Thiago Henrique Araújo Silva Universidade Federal de Pernambuco

Abstract

Este primeiro número do ano de 2021 da revista Mutirõ. Folhetim de Geografias Agrárias do Sul, em tempos de pandemia da Covid-19, reitera a insistente atualidade da questão agrária e o modo como tais assuntos estão presentes e influenciando direta ou indiretamente a vida cotidiana. Os conteúdos aqui apresentados tratam de situações implicadas no espaço agrário desde o sul da América do sul até o Nordeste brasileiro.

O artigo de Piedracueva & Tubío certamente se tornará um trabalho de referência e consulta, pois traz uma minuciosa e detida revisão de um conjunto de interpretações que abordam o modelo extracionista do agronegócio e sua forma de ação e atuação no continente sul americano em especial no Cone Sul. Situa o debate em torno de questões como: Estado e suas alianças com as corporações transnacionalizadas; exploração e esgotamento dos recursos naturais; conflitos sociais de resistência ao agronegócio e ao neoextrativismo.

Camponeses e a construção da soberania alimentar na Paraíba: entre disputas, retrocessos e esperanças discute as diferenças conceituais entre segurança e soberania alimentar. Tendo o estado da Paraíba como fulcro, a autora correlaciona as políticas públicas de combate à fome com os indicadores de segurança alimentar. Ao final conclui que há uma paralisia e significativo impacto com os cortes por parte do Estado nas políticas públicas de combate à fome.

O trabalho de Beatriz Barbosa da Silva projeta em tela a produção da territorialidade indígena no contexto do sistema mundo moderno-colonial. Analisa em revista as origens coloniais da formação territorial do Brasil e como tal sistema se reproduz mantendo sua essência e atualizando suas características e formas.

O quarto artigo deste número lança luz á temática agroecológica. Apresenta dois aspectos do mesmo assunto. Um mais teórico e no campo das disputas conceituais e de método e outro plano que é o da produção prática relacionado com a vida camponesa. Chama a atenção para os desafios de cultivar as terras e as águas dos sertões semiáridos onde há uma imbricada e complexa teia de interatuação com a natureza. Esses desafios estão no campo das: técnicas, experimentações e construção de estratégias para produzir alimentos e viver bem nos territórios.

Piancó & Nobre contribuem na discussão, da relação, Estado e campesinato. Apontam os aspectos contraditórios do Estado capitalista e o campesinato caririense e da dificuldade de unificação da pauta de luta deste último. Os autores ressaltam a revisão documental ao mesmo tempo, que afirmam que o assunto está inconcluso e evidenciam o protagonismo do Estado nos violentos processos de ordenamento e controle territorial.

Na seqüência temos o artigo: Os impactos do fechamento das escolas do campo em Pernambuco. Nele constatamos que a política pública de educação do campo tem sido tratada de modo pontual e contingencial, como resposta a pressão exercida por organizações e movimentos sociais rurais. O trabalho revela o crescente e significativo processo de fechamento das escolas do campo em Pernambuco e como este fato está diretamente associado à qualidade da vida e da organização socioeconômica das famílias camponesas.

Por fim os dois últimos trabalhos consistem no texto original sobre a cartografia vivencial e social e a resenha do livro: Terra de quilombos, terras indígenas, “babaçuais livres”, “castanhais do povo”, faxinais e fundos de pasto: terras tradicionalmente ocupadas. No primeiro a autora propõe uma reflexão que busca compreender as relações e experiências das crianças com os espaços por elas ocupados. O conceito de vivência assume uma centralidade chave no diálogo com as formas cartográficas para além da fronteira rural-urbano. E no segundo o autor ressalta a importância da leitura da obra do professor e educador Alfredo Wagner Berno de Almeida. Chama a atenção para a nossa compreensão e sensibilidade para as formas de usos dos territórios tradicionalmente ocupados e como as diversas maneiras de partilha comunitária ainda hoje são significativamente presentes e seguem se reproduzindo no Brasil.

Desejamos aos leitores um excelente estudo e sublinhamos a necessidade da permanente vigília diante do avanço do agronegócio com as bênçãos do Estado sobre os territórios indígenas e camponeses. 

 

Os Editores

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Published

2021-09-04

How to Cite

Bezerra, A. C., Brito, A. C. R., Goncalves, C. U., & Silva, T. H. A. (2021). Editorial. Revista Mutirõ. Folhetim De Geografias Agrárias Do Sul, 2(1), 2–3. Retrieved from https://periodicos.ufpe.br/revistas/mutiro/article/view/251662

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