A etnografia e o desenho de mapas subjetivos
reflexões críticas sobre itinerários terapêuticos em uma unidade pública de saúde mental
Palavras-chave:
etnografia, mapas subjetivos, desenho, itinerário terapêutico, saúde mentalResumo
O ensaio reflete sobre uma oficina de desenho e de criação cartográfica como ferramenta etnográfica para analisar itinerários terapêuticos de sujeitos, com idade entre 25 e 65 anos, em um CAPS de Santa Maria/RS. A prática do desenho e a elaboração de mapas subjetivos foram aplicadas de forma sistemática, permitindo a visualização das trajetórias dos sujeitos, seus movimentos vividos e relações de cuidado no contexto da saúde mental. A construção desses mapas proporcionou uma espacialização atribuída aos percursos e experiências de cuidado e saúde, seguida de interpretações das relações subjetivas dos sujeitos com os espaços. A pesquisa é orbital ao modo como as políticas da Reforma Psiquiátrica Brasileira moldam as experiências vividas pelos sujeitos, seus movimentos terapêuticos e de cuidados. A oficina de desenho, enquanto proposta etnográfica, possibilitou uma análise crítica das diferentes maneiras pelas quais os sujeitos se inscrevem no mundo, evidenciando as transformações paradigmáticas da saúde mental no Brasil.
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