Mito industrial e ideologias patronais: o caso do coronel Othon da Fábrica da Macaxeira
DOI:
https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2019.37.2.25Palavras-chave:
Fábrica, Vila operária, Mito industrialResumo
O objetivo do presente artigo é analisar a recorrência de um mito industrial-patronal no âmbito de fábricas de tecidos inseridas no contexto do sistema de fábrica e vila operária de organização da força de trabalho. Para tanto realizaremos breve comentários baseados na literatura disponível sobre três fábricas nordestinas. São elas: a Companhia Industrial Pernambucana (Fábrica de Camaragibe) do industrial Carlos Alberto Menezes; a Companhia Agro Fabril Mercantil (Fábrica da Pedra) de Delmiro Gouveia; a Companhia de Tecidos Paulista (Fábrica de Paulista) de Frederico Lundgren. Para então realizar breve análise com base em nossas pesquisas empíricas e na literatura acerca do Cotonifício Othon Bezerra de Mello (Fábrica da Macaxeira). Portanto, almeja-se delinear neste artigo as características de constituição de um mito patronal quase que inerente ao sistema de fábrica com vila operária, inculcado aos operários por meio das relações paternalistas conduzidas por um patronato que encampava a ideologia da encíclica “Rerum Novarum” da união entre o capital e o trabalho, através de um sistema de dominação de relações simbólicas de caráter familiar, legitimador de tal forma de subordinação frente aos operários que, por sua vez, reproduziam mas se reapropriavam do discurso mitológico da classe dominante.
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