“Cruzada brasílica”: o discurso bélico-religioso de clérigos durante o Brasil Holandês
DOI:
https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2021.39.2.17Palavras-chave:
Brasil holandês, Religião, Guerra, BarrocoResumo
Alguns dos mais notáveis relatos que possuímos sobre a época do Brasil holandês, foram redigidos por clérigos portugueses que embora tenham relatado a história daquele tempo, suas obras foram marcadas por discursos panegíricos, políticos e religiosos. Para este artigo escolheu-se trabalhar com os livros escritos por três freires, Paulo do Rosário, Manuel Calado e Rafael de Jesus, os quais apresentaram uma visão providencialista, católica, antirreformista, que sugeria que as Guerras Luso-holandesas (1630-1654) fossem resultado de desígnios divinos pelos quais Deus punia o povo português por seus pecados. O objetivo foi tentar entender a origem desses discursos os quais eram reflexos do conturbado século XVII dos tempos do Barroco.
Referências
BOXER, Charles. Os holandeses no Brasil: 1624-1654. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.
BRAUDEL, Fernand. Civilização Material, Economia e Capitalismo: Séculos XV-XVIII, vol. 3. Tradução Telma Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 3v.
BRITO, Sylvia Brandão Ramalho de. A dialética do castigo: histórias de um frade no Brasil holandês. Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2012.
CALADO, Manuel. O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade. Lisboa: impresso por Paulo Craesbeeck, 1648.
CERTEAU, Michel de. A escrita da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
CHAVES, Thiago de Souza Ribeiro. Urbano II em Clermont-Ferrand: a pregação da Primeira Cruzada. Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-Graduação em História, Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
CLEMENTINO, Kléber. Clio no Ultramar: elementos da historiografia portuguesa nas narrativas seiscentistas da “guerra holandesa”. Revista Clio, n. 32, v. 1, 63-83, 2014.
CORVISIER, André. Armies and societies in Europe, 1494-1789. Translation Abigail T. Siddall. Bloomington: Indiana University Press, 1979.
EBERT, Christopher. Dutch trade with Brazil before the Dutch West India Company, 1587-1621. In: POSTMA, Johannes; ENTHOVEN, Victor (eds.). Riches form Atlantic commerce: Dutch Transatlantic Trade and Shipping, 1585-1817. Leiden/Boston: Brill, 2003. p. 49-76. (Collection The Atlantic World, vol. 1). 31v
ENTHOVEN, Victor. Early Dutch Expansion in the Atlantic Region, 1585–1621. In: POSTMA, Johannes; ENTHOVEN, Victor (eds.). Riches form Atlantic commerce: Dutch Transatlantic Trade and Shipping, 1585-1817. Leiden/Boston: Brill, 2003. p. 17-48. (Collection The Atlantic World, vol. 1). 31v
GOMES, Eunice Simões Lins de; FONSECA, Ramon Silva Silveira da. Fundamentos do barroco como amálgama da religião e da política. Revista Horizonte, v, 11, n. 31, p. 944-964, jul./set. 2013.
JESUS, Rafael de. Castrioto Lusitano ou história da guerra entre Brazil e a Hollanda, durante os anos de 1624 a 1654. 2. ed. Paris: publicado por J. P. Aillaud, 1844.
LIMA, Danilo Pereira. O leviatã e as guerras religiosas no século XVII: uma análise do estado absolutista a partir de Thomas Hobbes. Revista do Direito Público, v. 19, n. 1, p. 9-30, jan./abr, 2015.
MAGALHÃES, Pablo Antonio Iglesias. Equus Rusus – A Igreja Católica e as Guerras Neerlandesas na Bahia (1624-1654). Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.
MARAVALL, José Antônio. A cultura do Barroco: Análise de uma Estrutura Histórica. Tradução Silvana Garcia. São Paulo: Editora da USP, 2009. (Clássicos, 10).
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro Veio: o imaginário da restauração pernambucana. 3. ed. São Paulo: Alameda, 2008.
MELLO, Evaldo Cabral de. Um imenso Portugal: história e historiografia. São Paulo: Ed. 34, 2002.
MELLO, José Antonio Gonsalves de. Frei Manuel Calado do Salvador. Recife: Universidade de Recife, 1954.
MIRANDA, Bruno Romero Ferreira. Gente de Guerra: origem, cotidiano e resistência dos soldados do exército da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil (1630-1654). Recife: Editora UFPE, 2014.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37. ed. São Paulo: Cultrix, 2008.
MOREAU, Pierre; BARO, Roulox. História das últimas lutas no Brasil entre os holandeses e portugueses e Relação da viagem ao país dos tapuias (1651). Tradução de Leda Boechat Rodrigues. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1979.
NOORLANDER, Danny L. Serving God and Mammom: the Reformed Church and the Dutch West India Company in the Atlantic world, 1621-1674. Dissertation (Doctorate in History). Graduate School of Arts and Sciences, Georgetown University, Washington D.C, 2011.
OLIVEIRA, Leandro Vilar. Guerras luso-holandesas na Capitania da Paraíba (1631-1634): um estudo documental e historiográfico. Dissertação (Mestrado em História e Cultura Histórica). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2016.
OLIVEIRA, Leandro Vilar. A relação breve de frei Paulo do Rosário: relatos sobre o primeiro ataque holandês à capitania da Paraíba (1631). Saeculum, n. 38, p. 125-145, jan/jun 2018.
ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 10. ed. Campinas: Pontes Editores, 2012.
PALOMO, Federico. Introducción: Clero y cultura escrita en el mundo ibérico de la Edad Moderna. In: PALOMO, Federico (org.). Cuadernos de Historia Moderna – Anejo XIII – La memoria del mundo: clero, erudución y cultura escrita em el mundo ibérico (siglos XVI-XVIII), p. 11-26, 2014.
PARKER, Geoffrey. O Soldado. In: VILLARI, Rosário (dir.). O homem barroco. Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Editorial Presença, 1994.
PÉCORA, Alcir. A história como colheita rústica de excelências. In: SCHWARTZ, Stuart B; PÉCORA, Alcir (orgs.). As excelências do governador: o panegírico fúnebre a D. Afonso Furtado, de Juan Lopes Sierra (Bahia, 1676). Tradução Alcir Pécora e Cristina Antunes. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
REUTER, Yves. A Análise da Narrativa: o texto, a ficção e a narração. Tradução Mario Pontes. 2. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007.
RIBAS, Maria Aparecida de Araújo Barreto de. Vicente Joaquim Soler, o pai da missionação calvinista no Brasil holandês. Educere et Educare, v. 10, n. 19, p. 139-145, jan./jun. 2015.
ROSÁRIO, Paulo do. Relaçam breve e verdadeira da memorável victoria, que ouve o Capitão-mor da Capitania da Paraíba Antonio de Albuquerque, dos Rebeldes de Olanda, que são vinte naus de guerra, e vinte e sete lanchas: pretenderão occupar esta praça de sua Magestade, trazendo nelas pera o efeito dous mil homens de guerra escolhidos, a fora a gente do mar. Lisboa: impresso por Jorge Rodrigues, 1632.
SANTOS, Thiago Cavalcante dos. Tensões religiosas no Brasil holandês. Revista Cesumar, v. 15, n. 2, jul./dez. p. 363-379, 2010.
SARAIVA, Antônio José. História da literatura portuguesa. 16. ed. Lisboa: Porto Editora, 1993.
SCHALKWIJK, Frans Leonard. Igreja e Estado no Brasil holandês (1630 a 1654). São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
VAINFAS, Ronaldo. Santo Antônio na América Portuguesa. Religiosidade e Política. Revista USP, n. 57, p. 28-37, mar./maio 2003.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Ao submeter um artigo à CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, o autor garante que o artigo é original, e que não contém declarações caluniosas ou difamatórias, que não infringe quaisquer direitos de propriedade intelectual, comercial ou industrial de terceiros, bem como ressarcir prontamente a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica por quaisquer indenizações, prejuízos ou despesas que possam ocorrer em razão da quebra destas garantias.
O autor mantém os direitos autorais sobre o artigo, autorizando, no entanto, a Universidade Federal de Pernambuco/CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, a utilizar o referido artigo, no todo ou em parte, editado ou integral, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma, em versão impressa, ou qualquer outro meio de divulgação, ficando assim, a referida instituição isenta de qualquer pagamento de direitos autorais ao autor.