Mediações culturais no além-mar: o padre Mamiani os usos da língua kiriri nas brenhas dos sertões

Autores

  • Ane Luíse Silva Mecenas Santos UNISINOS/ UNIT

Palavras-chave:

Jesuíta, Kiriri, Catecismo, Gramática, América portuguesa

Resumo

Desde os primeiros anos do processo de conversão os padres da Companhia de Jesus sistematizaram textos que possibilitariam a comunicação com os gentios. À medida que a catequese foi realizada com povos que não falavam a língua geral, novos instrumentos foram produzidos. Por isso, no final do século XVII,fez-se necessário organizar para publicação deuma gramática e de um catecismo Kiriri. Esses dois documentos apresentam os indícios e os rastros do processo de mediação cultural ocorrido no sertão da América portuguesa. Em meio à normatização da língua oral, pelo filtro da gramaticalização latina, é possível perceber também o mundo indígena, em especial os que causavam estranheza nos padres durante seu período de observação. Dessa forma, o presente artigo busca analisar esses documentos,identificando os métodos de normatização da língua Kiriri.

Biografia do Autor

Ane Luíse Silva Mecenas Santos, UNISINOS/ UNIT

Diretora do Museu Galdino Bicho e da Pinacoteca Jordão de Oliveira. Professora da Universidade Tiradentes e da Rede Pública do Estado de Sergipe. Doutoranda em História na UNISINOS. Mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba. Licenciada e bacharel em História pela Universidade Federal de Sergipe. Pesquisadora dos grupos de pesquisa do diretório do CNPq, “Jesuítas nas Américas”, “Culturas, Identidades e Religiosidades” e “Arte, Cultura e Sociedade no Mundo Ibérico” (séculos XVI a XIX).E-mail: anemecenas@yahoo.com.br

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Publicado

28-10-2014