Peixes-Bois das praças do Recife - A história de um século de convívio e admiração dos pernambucanos a estes animais

Autores

  • Fabia Oliveira Luna Instituto Chico mendes de Conservação da Biodiversidade / Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos https://orcid.org/0000-0001-8960-3462
  • Fernanda Loffler Niemeyer Attademo Centro de Pesquisa e Monitoramento Ambiental - CEMAM Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB) - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB) https://orcid.org/0000-0003-2640-6714

DOI:

https://doi.org/10.51359/2525-6092.2020.246006

Palavras-chave:

Peixes-bois, Recife, praças, Xica

Resumo

A ocorrência do peixe-boi marinho no Brasil é registrada desde o período da colonização do país. A caça desses animais ocasionou a redução do tamanho das populações e a extinção em algumas regiões, como parte do litoral de Pernambuco. No passado, as cidades de Olinda e Recife apontam que o uso do peixe-boi como fonte de alimento, podendo ser o motivo pela ausência de avistagem da espécie no litoral desses municípios. Essa teria sido a primeira principal relação entre recifenses e os peixes-bois. Após  praticamente três séculos, os recifenses voltam a ter uma forte relação com os peixes-bois, quando animais passam a viver em tanques de praças e parques públicos da cidade. A sociedade começou a admirá-los em momentos de lazer, sendo uma atração das tardes dos domingos. Esse ciclo de animais cativos e visitação pelos pernambucanos e turistas de outras regiões durou mais de um século, com início em 1909, quando Chico chegou a Praça da República, e teve seu fechamento em 2015, mas permaneceu na Ilha de Itamaracá e na memória dos pernambucanos. Dentre os peixes-bois das praças, Xica, foi o mais visitado, tendo sido considerada uma “celebridade” e até mascote da cidade do Recife.

 

Biografia do Autor

Fabia Oliveira Luna, Instituto Chico mendes de Conservação da Biodiversidade / Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos

Possui doutorado em OCEANOGRAFIA pela Universidade Federal de Pernambuco e USGS/USA (2013), mestrado em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco (2001) e graduação em Biologia Marinha pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996). Atualmente é analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos - CMA/ICMBio (Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade - ICMBio). Tem experiência na área de Oceanografia, com ênfase em Oceanografia Biológica, atuando principalmente nos seguintes temas: mamíferos aquáticos, ameaça de extinção, peixe-boi (manatee), genética, captura intencional e cetáceos. Faz parte do Comitê Científico da Conveção Internacional da Baleia (CIB) e do Grupo de especialistas em Sirênios da América do Sul para a IUCN.

Fernanda Loffler Niemeyer Attademo, Centro de Pesquisa e Monitoramento Ambiental - CEMAM Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB) - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB)

ossui graduação em Medicina Veterinária (2001), mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (2006), especialização em direito ambiental (2005), especialização em saúde pública (2005) e doutorado em Ciência Veterinária (2014). Tem experiência em medicina da conservação de peixe-boi marinho e foi médica veterinária responsável pelas atividades de captura de peixe-boi marinho no Brasil (2011-2018).  Foi coordenadora substituta do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos/ICMBio (2014-2015) e coordenadora do Programa de Conservação de Peixe-boi marinho/ICMBio (2016-2017). Médica Veterinária de mamíferos aquáticos no ICMBio (2006-2018). Médica veterinária de animais aquáticos no Rio grande do Norte (2003-2006 e 2018-atual). Atua desde 2003 na gestão e execução de projetos de conservação de mamíferos aquáticos no Brasil e no resgate, manejo e soltura deste grupo de animais, com ênfase em sirênios. Participou de treinamentos e capacitações sobre peixes-bois na Flórida entre os anos de 2008 e 2011. Membro do Grupo de Assessoria Técnica do ICMBio de Peixe-boi marinho e de cetáceos. Participa da avaliação de espécies de mamíferos aquáticos ameaçadas de extinção desde 2011. Participa das oficinas dos Planos de Ação Nacional (ICMBio) de peixe-boi marinho e de cetáceos. Membro do Grupo de assessoria de animais silvestres do Conselho de Medicina Veterinária de Pernambuco.

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Publicado

2020-10-31

Como Citar

Luna, F. O., & Attademo, F. L. N. (2020). Peixes-Bois das praças do Recife - A história de um século de convívio e admiração dos pernambucanos a estes animais. Revista Rural & Urbano, 5(2). https://doi.org/10.51359/2525-6092.2020.246006

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