A LEX MERCATORIA ENQUANTO DIREITO: UMA ANÁLISE DA NATUREZA DAS NORMAS QUE REGEM O COMÉRCIO INTERNACIONAL À LUZ DA TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO DE NORBERTO BOBBIO
DOI :
https://doi.org/10.51359/2448-2307.2021.252575Mots-clés :
Teoria do Direito, Teoria do Ordenamento Jurídico, Lex Mercatoria, Direito Internacional Privado, Comércio Internacional.Résumé
No âmbito do Direito Internacional Privado, a Lex Mercatoria, teorizada como um conjuntos de normas criadas e utilizadas pelo comércio internacional, é um tema profundamente debatido, especialmente nas últimas décadas. A discussão acadêmica abordou desde a existência ou não deste conjunto de normas costumeiras desde tempos remotos e seu conceito, até a análise mais contemporânea quanto à natureza da Lex Mercatoria, se esta forma um sistema jurídico, se pode haver um Direito sem o Estado ou além deste. Com efeito, o presente trabalho pretende analisar a Lex Mercatoria enquanto Direito, à luz da Teoria do Ordenamento Jurídico de Norberto Bobbio, investigando se as normas consuetudinárias do comércio internacional possuem os elementos típicos à constituição de um ordenamento jurídico apontados pelo jurista italiano. Como parâmetro necessário, este artigo analisará se as normas da Lex Mercatoria constituem uma unidade, se demonstram coerência e completude, e se são aptas a estabelecerem relações com outros ordenamentos jurídicos, uma vez que estes quatro critérios são apontados pela Teoria do Ordenamento Jurídico como constitutivos de um ordenamento jurídico, ao passo que o autor entende que uma definição satisfatória do Direito só é possível sob a ótica do ordenamento jurídico.Références
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.
ALEXY, Robert. Teoria da Argumentação Jurídica. Trad. Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy, 2001.
ARLOTA, Alexandre Sales Cabral. O enquadramento dos contratos internacionais em face da lex mercatoria e a busca de estabilidade nas relações transfronteiriças. Revista da Faculdade de Direito da UERJ, Rio de Janeiro, v. 6. n. 26, 2014.
ARZA, Eugênia Cristina Nilsen Ribeiro; GUIMARÃES, Marcelo Cesar. A atuação empresarial transnacional: conceito, formas de atuação, efeitos e perspectivas para a regulamentação. Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife, Recife, v. 87, n. 2, p. 49-71, 2015.
ARZA, Eugênia Cristina Nilsen Ribeiro; GUIMARÃES, Marcelo Cesar. Os Princípios da Haia sobre a Escolha da Lei Aplicável aos Contratos Comerciais Internacionais. Fortaleza: UNIFOR. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO INTERNACIONAL. CODIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL, 2015. v. 1, p. 1-12.
BAPTISTA, Luiz Olavo. Contratos Internacionais. São Paulo: Lex Magister, 2011.
BARROSO, Luís Roberto. A razão sem voto: o STF e o governo da maioria. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO DO ESTADO, 15., 2015.
BÔAVIAGEM, Aurélio Agostinho da. A ordem pública: limite da autonomia da vontade na escolha da lei aplicável. Anuário dos Cursos de Pós-Graduação em Direito (UFPE), Recife, v. 16. p. 25-36, 2006.
BÔAVIAGEM, Aurélio Agostinho da. O Estado como parte contratante nas relações comerciais internacionais – uma releitura do exercício da soberania à luz da “nova nova” Lex Mercatoria. Revista de Direito Internacional Econômico e Tributário, Brasília, v. 13, n. 2, p. 364–382, 2018.
BÔAVIAGEM, Aurélio Agostinho da. Sobre princípios dos contratos internacionais de comércio. Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife, Recife, v. 88, n. 2, p. 63-81, 2016.
BOBBIO, Norberto. Teoria da Norma Jurídica. Trad. Fernando Pavan Baptista e Ariani Bueno Sudatti. 6. ed. Bauru: Edipro, 2019.
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. Trad. Ari Marcelo Solon. 2. ed. São Paulo: Edipro, 2020.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15. ed. São Paulo: Malheiros, 2004.
COSTA, Cynara, de Barros. A verdadeira Lex Mercatoria: o direito além do Estado: um estudo sobre as antigas e novas teorias da Lex Mercatoria. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2011.
COSTA, Cynara, de Barros. Direito Transnacional do Comércio: Uma teoria afirmativa da natureza jurídica das normas do comércio transnacional, 2016. Tese (Doutorado em Direito) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.
ECO, Humberto. Interpretação e superinterpretação. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 55-56.
GAMA JR., Lauro. Contratos Internacionais à luz dos Princípios do UNIDROIT 2004: soft law, arbitragem e jurisdição. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
HATZIMIHAIL, Nikitas E. The Many Lives and faces of Lex Mercatoria: History as genealogy in international business law. Law and contemporary problems, v. 71, n. 169, 2008.
IP, Eric C. Globalization and the future of the law of the sovereign state. I Con, v. 8, n. 3, p. 636-655, 2010
KELSEN, Hans. A Teoria Comunista do Direito. Trad. Pedro Davoglio. São Paulo: Contracorrente, 2021.
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Trad. João Baptista Machado. 8. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
KRELL, Andreas. A recepção das teorias alemãs sobre “conceitos jurídicos indeterminados” e o controle da discricionariedade no Brasil. Interesse Público, Porto Alegre, v. 23, p. 21-49, 2004.
KRELL, Andreas. Entre desdém teórico e aprovação na prática: os métodos clássicos de interpretação jurídica. Revista Direito GV, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 295-320, jan./jun. 2014.
LORETO, Sylvio; BARBOSA, Pedro Henrique de Faria. O mito de Jano: as duas faces da ordem pública no Direito Internacional Privado. Revista Interação, Santa Maria, v. 12, n. 12, p. 103-118, 2017.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Processos de compreensão. Produção textual, análise de gênero e compreensão. São Paulo: Parábola 2008.
MEURER, Cesar. A Teoria correspondentista da Verdade. Apresentação e crítica lógico-semântica. Porto Alegre: FI, 2018.
MICHAELS, Ralf. Globalization and Law: Law Beyond the State. Durhan: Law and Society Theory (Banakar and Travers eds., forthcoming), 2013.
MÜLLER, Friedrich. O novo paradigma do direito: introdução à teoria e metódica estruturantes. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
MÜLLER, Friedrich. Teoria jurídica estruturante. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
NESTOR, Odilon. Direito Internacional Privado. Execução das sentenças estrangeiras e os effeitos dessas sentenças fora do Estado onde foram proferidas. Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife, Recife, v. 22, n. 1, 1914.
POSSENTI, Sirio. O dado dado e o dado dado. Os limites do discurso. Curitiba: Criar, 2002. p. 27-37.
SARMENTO, Daniel. O Neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, v. 9, p. 95-133, 2009.
SILVA, Virgílio Afonso da. Interpretação constitucional e sincretismo metodológico. In: INTERPRETAÇÃO constitucional, São Paulo: Malheiros, 2005. p. 115-143.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2020. Volume único.
VIANNA, Sâmila Nunes. O sistema de precedentes na arbitragem internacional: perspectivas na jurisprudência arbitral comercial. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2021.
Téléchargements
Publié-e
Numéro
Rubrique
Licence
Les auteurs qui publient dans la Revue Académique de la Faculté de Droit du Recife («RAFDR») acceptent les termes suivants:
- Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la RAFDR le droit de première publication, l'ouvrage étant alors disponible simultanément, sous la licence Licence d’attribution Creative Commons permettant à d'autres de partager l'ouvrage tout en en reconnaissant la paternité et la publication initiale dans cette revue.
- Les auteurs peuvent conclure des ententes contractuelles additionnelles et séparées pour la diffusion non exclusive de la version imprimée de l'ouvrage par la revue (par ex., le dépôt institutionnel ou la publication dans un livre), accompagné d'une mention reconnaissant sa publication initiale dans la RAFDR.
- Les auteurs ont le droit et sont autrisés et encouragés à publier leur ouvrage en ligne (par ex., dans un dépôt institutionnel ou sur le site Web d'une institution) après que l'article a été publié en RAFDR, car cela peut mener à des échanges fructueux ainsi qu'à un nombre plus important, plus rapidement, de références à l’ouvrage publié (Voir The Effect of Open Access).
Informations complémentaires:
Les articles publiés dans RAFDR sont soumis à la licence CC-BY qui, en résumé: