O lugar das epistemologias não eurocêntricas em escolas brasileiras

Autores

  • Eduardo Oliveira Henriques de Araújo UFPE

Palavras-chave:

matrizes do saber, educação crítica, educação popular

Resumo

O presente artigo discute o lugar das epistemologias não eurocêntricas em escolas brasileiras, a partir
da percepção do alunado. Para tanto, além de uma pesquisa bibliográfico-documental sustentadora da discussão temática, realizou-se uma investigação de campo, a fim de acessar o alunado sobre sua
experiência escolar básica. Dessa forma, a partir do aporte nocional de Saviani (1984) e Ribeiro (1993), sobre escola e democracia, de Guiles (1993) e Japiassu (1979) quanto à epistemologia, e de Henriques
(2019; 2021) sobre ensino crítico de língua portuguesa, investigou-se a percepção dos educandos concernente as matrizes étnico-culturais dos saberes comutados em conteúdos e objetos escolares,
segundo uma perspectiva de educação cidadã. Depreende-se do investigado a perpetuação de um
paradigma verticalizador eurocêntrico-cientificista nas experiências educacionais escolares vividas pelos investigados, as quais defendem tanto uma verdade única sobre o conhecimento quanto impetram violências de abjeção identitária e conceptiva reforçadoras de preconceitos sociais sobre os
saberes populares e as culturas de matrizes colonizadas. Logo, aclarar-se-á uma oposição à manutenção de tal paradigma, assumindo-se o ofício de propalar uma perspectiva educacional não
colonialista, alocadora dos conhecimentos subalternos na mesma posição valorativo-apreciativa daqueles do currículo tradicional hegemônico, como forma de resistência, transgressão e mudança
social.

Biografia do Autor

Eduardo Oliveira Henriques de Araújo, UFPE

Professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, atuando no curso de Graduação em Licenciatura em Letras - Língua Portuguesa; É Doutorando em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Letras (2016), na especificidade Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco (Bolsista CAPES) e Graduado em Letras-Português (2014), pela pela mesma universidade (UFPE). Realiza pesquisas interdisciplinares acerca da relação entre a Linguagem, as Identidades e os Contextos Escolares, aliando a perspectiva discursiva da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) aos estudos da Linguística Aplicada (LA). Dedica-se atualmente a estudos sobre Questões de Gênero e Linguagem; Identidade, Sexualidade e Educação; Formação Transdisciplinar de Professores; e Culturas Hegemônicas & Culturas de Minorias. Também possui Graduado em Gestão em Turismo (2010) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).

 

Referências

BAGNO, M. A. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI Nº 9.394, DE 20 DE

DEZEMBRO DE 1996. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia de Assuntos

Jurídicos. Acessada em: 05.08.2021. Disponível:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. Acessado em: 05.08.2021. Disponível: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio. Bases Legais. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1999. 110p. Acessado em 05.08.2021. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/BasesLegais.pdf>.

BUNZEN, C. A fabricação da disciplina escolar Português. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 11, n. 34, p. 885-911, set./dez. 2011

CALDEIRONI, V. A. M. de O.; NASCIMENTO, A. C. Saberes tradicionais indígenas, saberes ocidentais, suas intersecções na educação escolar indígena. Visão Global, Joaçaba, v. 15, n. 1-2, p. 303-318, jan./dez. 2012.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2011.

GERALDI, J. W. Com a palavra: João Wanderley Geraldi. In: Sweder Souza; Andréia Rutiquewiski. (Org.). Ensino de língua portuguesa e base nacional comum curricular - propostas e desafios (bncc & ensino fundamental ii). 1 aed. Campinas (SP): Mercado de Letras, 2020.

GUILES, T. R. Dicionário de Filosofia: termos e filósofos. São Paulo: EPU, 1993

HENRIQUES, E. Se Língua é Poder, ensinar Língua consiste em quê?. In.: MONTENEGRO, R. K. A. Educação: possibilidades e caminhos. Campo Grande, Editora Inovar, 2019, p. 471-486.

JAPIASSÚ, H. F. Introdução ao pensamento epistemológico. 3. ed. Rio de Janeiro:

Francisco Alves Editora, 1979.

ROEDEL, H. Do Mito de Cam ao Racismo Estrutural: Uma Pequena Contribuição ao Debate. Projeto AFRO-PORT: Afrodescendência em Portugal [FCT/PTDC/SOCANT/30651/2017]. Lisboa. No.02. Julho. 2020. 01-19. Disponível em: https://cesa.rc.iseg.ulisboa.pt/afroport/artigos/.

LIBÂNEO, J. C. OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S.. As áreas de atuação da organização e da gestão escolar para melhor aprendizagem dos alunos.___ In: Educação escolar: políticas, estrutura e organização São Paulo: Cortez, 2003. p. 355-378.

OLIVEIRA, L. F. História da África e dos africanos na escola: desafios políticos, epistemológicos e identitários para a formação dos professores de História. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2012.

PETITAT, A. Produção da escola/produção da sociedade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

RIBEIRO, P. R. M. História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. 1993. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X1993000100003. Acessado em 28 de Abril de 2020.

SAVIANI, D. Sobre a natureza e especificidade da educação. Em aberto, Brasília, v. 3, n.22, p. 1-6, jul./ago. 1984

SOARES, M. O Livro Didático como fonte para a história da leitura e da formação do professorleitor. In. MARINHO M. (Org.). Ler e Navegar: espaços e percursos da leitura. Campinas: Mercado das Letras, 2001.

Downloads

Publicado

15.12.2021

Edição

Seção

Jovens Pesquisadores/as