Quatro aspectos necessários para se pensar o ensino de matemática para surdos

Autores

  • Fábio Alexandre Borges Universidade Estadual do Paraná
  • Clélia Maria Ignatius Nogueira Universidade Cesumar

Palavras-chave:

surdez, ensino de matemática, inclusão, educação especial, libras

Resumo

No presente artigo, propomos uma discussão acerca do ensino de Matemática para surdos, a qual acreditamos contemplar tanto o ensino dito inclusivo quanto o especializado. Essa discussão se originou de pesquisa bibliográfica realizada para sustentação teórica de uma investigação mais ampla que levamos a cabo durante os anos de 2011 a 2013, buscando compreender como acontece a construção do conhecimento matemático de alunos surdos inclusos, com a mediação dos Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais. Para isso, buscamos na literatura as principais características desse ensino que precisam ser consideradas, caso se almeje um ensino de Matemática de boa qualidade para os alunos surdos. De nossas leituras, surgiram quatro aspectos a serem destacados no presente texto: (1) O início da escolarização do aluno surdo e a Matemática escolar; (2) Problemas matemáticos e alunos surdos; (3) Oralismo, Bilinguismo e ensino de Matemática para surdos, e (4) Por uma exploração maior das experiências visuais no ensino de Matemática para surdos. Ao final, propomos uma reflexão acerca da importância de se considerar as principais características apontadas pelas pesquisas aqui tratadas que, de maneira geral, apontam que não devemos tratar os “diferentes” de maneiras iguais no ensino de Matemática.

Biografia do Autor

Fábio Alexandre Borges, Universidade Estadual do Paraná

Possui graduação em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (2002), Mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência e a Matemática (2006) e Doutorado pelo mesmo Programa (2013). Tem experiência na área de Educação Matemática, com ênfase em Educação Especial, atuando principalmente com a temática surdez. Editor da Revista Paranaense de Educação Matemática e docente da Universidade Estadual do Paraná-Câmpus de Campo Mourão.

Clélia Maria Ignatius Nogueira, Universidade Cesumar

Possui graduação em Licenciatura Em Matemática pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã (1973), mestrado em Matemática pela Universidade de São Paulo (1979) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002). Atualmente é professora convidada do programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática da Universidade Estadual de Maringá e docente no Centro de Estudos Superiores de Maringá - CESUMAR. Atua na área de Educação, com pesquisas nas áreas de Educação Matemática; Educação de Surdos e em Epistemologia Genética. É autora de livros didáticos de Educação Matemática e de Libras para cursos de Pedagogia e de Educação Especial na modalidade a distância. É revisora dos seguintes periódicos: Zetétikè (Unicamp); Acta Scienciarum (UEM); RBEP (INEP); Ensaio: pesquisa em educação em ciências (UFMG); Psicologia em Estudo (UEM); Schème (UNESP); Práxis (UEPG). Líder do GIEPEM: Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática (UEM) e integrante do GEPEGE: Grupo de Estudos e Pesquisas em Epistemologia Genética e Educação (UNESP / Marília).

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Publicado

2013-12-15

Como Citar

Borges, F. A., & Nogueira, C. M. I. (2013). Quatro aspectos necessários para se pensar o ensino de matemática para surdos. Em Teia | Revista De Educação Matemática E Tecnológica Iberoamericana, 4(3). Recuperado de https://periodicos.ufpe.br/revistas/emteia/article/view/2226

Edição

Seção

ARTIGOS