Investigação da presença de visões coloniais e eurocêntricas nos livros didáticos de geografia do oitavo ano
DOI:
https://doi.org/10.51359/2594-9616.2025.266658Palavras-chave:
decolonialidade, eurocentrismo, livro didático, geografia, Sul GlobalResumo
Esta pesquisa teve como objetivo investigar a presença de visões coloniais e eurocêntricas nos livros didáticos de Geografia do 8º ano, buscando compreender como esses materiais apresentam a colonização, os povos e as regiões colonizadas por nações europeias. Utilizando uma abordagem teórica e metodológica decolonial, o estudo, de natureza qualitativa, incluiu revisão bibliográfica e análise de livros didáticos. Foram analisadas três coleções: Teláris Essencial: Geografia (2022), Jornadas: Novos Caminhos: Geografia (2022) e Araribá Conecta: Geografia (2022). A escolha dessas obras justifica-se pelo fato de integrarem o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e estarem entre as mais adotadas pelas escolas públicas do Paraná, conforme relatório da Secretaria da Educação do Estado (SEED, 2024). Os resultados indicaram a predominância de narrativas eurocêntricas que minimizam os impactos da colonização e enfatizam a dependência econômica da América Latina. A colonização é tratada de forma neutra, desconsiderando suas violências estruturais. Conclui-se que há uma necessidade urgente de reformulação do currículo prescrito e dos manuais didáticos, de modo a promover uma educação crítica sobre os processos gerados pelo poder colonial na organização socioespacial e nas relações sociais.
Referências
BRANCO, Anselmo Lázaro, PRADO, Bruno Silva, CAMPOS, Eduardo. EDITORA ÁTICA:TELÁRIS ESSENCIAL [livro eletrônico]: Geografia: 8º ano-. 1. ed. São Paulo :Ática, 2022. HTML (Teláris Essencial Geografia).
BRASIL. Programa Nacional do Livro Didático: Relatório de Escolha ano 2024 PNLD anos finais. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/programas-do-livro/pnld/pnld-2024-2013-objeto-1/pnld-2024-2013-objeto-1. Acesso em: 02 de fevereiro de 2025.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#introducao. Acesso em: 20 de dezembro de 2024.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. 339 f. (Doutorado em Filosofia da Educação) – FE/USP, São Paulo, 2005.
DELLORE, Cesar Brumini. EDITORA MODERNA: ARARIBÁ CONECTA GEOGRAFIA. 8° ano: Manual do professor.1. Ed. São Paulo: Editora Moderna, 2022.
GOMES, Alessandro M.; ROCHA Roberto B. da. Descobrimento/achamento, encontro/contato e invasão/conquista: a visão dos índios na descoberta da América Portuguesa. Identidade, São Leopoldo; v. 21, n. 1, p. 91-109, jan./jun. 2016.
GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afrolatinoamericano. Revista Isis Internacional. Santiago, v. 9, p. 133-141, 1988.
OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. F. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista: Belo Horizonte, vol.26, n.1, p. 15-40, abril de 2010.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: O lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais: São Paulo, v. 32, n.94, p. 1-18, 2017.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978
MUNIZ, Ana Carolina Ferreira, GUERRERO, Ana Lúcia de Araújo, FERNANDES, Maíra. SARAIVA EDUCAÇÃO: JORNADAS: NOVOS CAMINHOS [livro eletrônico]: Geografia: 8º ano.. 1. ed. São Paulo: Saraiva Educação S.A., 2022.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In.: SANTOS, Boaventura de Sousa. MENESES, Maria Paula (Orgs). Epistemologias do Sul. São Paulo. Cortez, 2009, p. 73-118.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (ed.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. CLACSO, Buenos Aires, 2005, p.107-130.
RAMALHO, Bárbara. A escola dos que (não) são: concepções e práticas de uma educação (anti)colonial. 2019. 230f. (Tese de Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social, Universidade Federal de Minas Gerais, 2019.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. As Culturas Negadas e Silenciadas no Currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na Sala de Aula: Uma introdução aos estudos culturais em educação. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p.159-177.
SANTOS, J. E. G., et al. O imperialismo e a resistência na África de 1885 à 1995. Ciências Humanas e Sociais, Aracaju, v. 3, n. 1, p. 119-128, out. 2015.
SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica: multiculturalismo e representação. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
SILVA, Maurício. Da educação eurocêntrica à educação antirracista: uma introdução. Dialogia, São Paulo, 2021.
TEIXEIRA, Raquel. F. A. As línguas indígenas no Brasil. In: SILVA, Aracy Lopes; GRUPIONI, Luís Donizete Benzi (Org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1° e 2° graus. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995, p. 291-316.
REIS, Maurício de Novais; ANDRADE, Marcilea Freitas Ferraz de. O pensamento decolonial: análise, desafio e perspectivas. Revista Espaço Acadêmico: Maringá, n. 202, p. 1-11, 2018.
WALSH, Catherine. Interculturalidade e decolonialidade do poder: um pensamento e posicionamento “outro” a partir da diferença colonial. Revista Eletrônica da Faculdade de Direito de Pelotas. Pelotas, v. 5, n. 1, p. 6-39, 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Amanda Heloize Adão, Margarida de Cássia Campos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) da Universidade Federal de Pernambuco o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - 
. Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Os conteúdos da REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
No caso de material com direitos autorais a ser reproduzido no manuscrito, a atribuição integral deve ser informada no texto; um documento comprobatório de autorização deve ser enviado para a Comissão Editorial como documento suplementar. É da responsabilidade dos autores, não da REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) ou dos editores ou revisores, informar, no artigo, a autoria de textos, dados, figuras, imagens e/ou mapas publicados anteriormente em outro lugar.
