Ajeum na Liga Sankofa
reflexões decoloniais e interseccionais sobre nutrição e saúde do povo negro
DOI:
https://doi.org/10.51359/2675-7354.2024.262057Palavras-chave:
nutrição, colonialidade alimentar, Ajeum, aquilombamentoResumo
O racismo estrutural impõe muitas barreiras ao povo negro no Brasil, sendo uma delas em relação à alimentação e, consequentemente, à nutrição. Este artigo, portanto, tem como objetivo discutir acerca da fome em uma perspectiva interseccional, bem como apresentar a prática de fortalecimento da saúde mental, física e ancestral dos estudantes universitárias/os negras/os por meio do Ajeum, este sendo um recurso de nutrição na Liga Acadêmica de Relações Étnico-Raciais Sankofa. Assim, o estudo aqui descrito foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de abordagem qualitativa de caráter exploratório, amparada metodologicamente em observação participante e embasada epistemologicamente em teorias decoloniais e no conceito de interseccionalidade. Conclui-se por ela que, considerando a fome enquanto ausência nutritiva que impacta tanto a saúde física quanto mental das pessoas negras, pode-se dizer que o Ajeum é um contraponto a isso enquanto “nutrição” de conhecimento e construção de epistemologias, de espaços de acolhimento e de subjetividade do povo negro.
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