Joaquim Inojosa e a divulgação do Modernismo na Argentina: Cartas de Bráulio Sánchez-Sáez e Luis Emilio Soto (1925)
DOI :
https://doi.org/10.51359/2675-7354.2022.256351Mots-clés :
Joaquim Inojosa, Modernismo, correspondência, ArgentinaRésumé
Ao se falar da efervescência cultural ocorrida em Recife em meados da década de 1920, não podemos esquecer-nos de Joaquim Inojosa, jornalista e estudante da Faculdade de Direito do Recife, que, em 1924, escreveu a plaquete A Arte Moderna, carta/panfleto que repercutiu em todo o Nordeste. No ano de 1925, Inojosa publicou O Brasil Brasileiro. Nesse texto, o autor convida a sua geração a construir uma obra de arte “brasileira” antes que o estrangeiro, mais poderoso, obrigasse-nos a aceitar uma que não nos pertencesse. Não podemos deixar de levar em consideração o valor documental dessas obras, em especial do Movimento Modernista em Pernambuco, que consiste em um grande dossiê que traz à luz crônicas, artigos da imprensa e o mais importante para o nosso estudo, ou seja, a sua correspondência com os dois escritores argentinos que aqui enfatizamos: Bráulio Sánchez-Sáez e Luis Emilio Soto, abordando a atuação de Joaquim Inojosa frente à divulgação do Modernismo na Argentina. Percebe-se que havia o estabelecimento de uma rede de sociabilidade entre Câmara Cascudo, Inojosa, Saéz e Soto, por meio da qual temas, projetos e intenções eram compartilhados. Com efeito, testemunhamos que, ao longo da primeira metade do século XX, é possível ver nascer a percepção de que a América Espanhola estava apta a desenvolver seus próprios “meridianos intelectuais”, podendo as nações que a integravam buscar inspiração e referência umas nas outras e não apenas no Velho Mundo, cujo modelo foi, por muito tempo, tomado como única possibilidade de superação da “barbárie” local.
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