Do corpo e do vírus: Um breve ensaio não original
DOI:
https://doi.org/10.51359/2675-7354.2020.247552Palavras-chave:
corpo, vírus, docência, gênio não original, esgotamentoResumo
O ensaio discute a relação entre corpo, vírus e docência em meio ao parar pandêmico relativo ao Sars-CoV-2. Escrito por meio de seleção, recorte e montagem de fragmentos de leitura, este texto assume a apropriação como artifício de criação. A partir da noção de “gênio não original”, de Marjorie Perloff, defende um estilo de pensamento pautado pela pesquisa e manipulação transcriadora de textos em circulação. Nomes como Paul Valéry, Roland Barthes, Gonçalo Tavares, Walter Benjamin, Paul B. Preciado, Gilles Deleuze, bell hooks, Byung-Chul Han, entre outros, são mobilizados a fim de sustentar a hipótese de um cuidado de si imanente a uma erótica textual, desde que leitura e escrita sejam vividas como práticas correlacionadas de viver-junto. As discussões encaminham-se para a defesa de um potencial pedagógico inerente ao isolamento social, na medida em que estabelece um estado real de impossibilidade, do qual devém a necessidade de criar outro campo de possíveis. A perspectiva adotada é a de um professor que, devendo esperar, traça para si um espaço-tempo íntimo e citacional de trabalho e autoatualização.
Referências
O primeiro parágrafo deste exercício é extraído do texto “Saco plástico na cabeça: a gambiarra na pandemia” (Sabrina Sedlmayer), publicado pela coleção Pandemia crítica, organizada pela n-1 edições.
Da mesma coleção, apropriei, desloquei e montei fragmentos dos textos:
“Nossa humanidade” (João Perci Schiavon);
“Para uma libertação do tempo. Reflexão sobre a saída do tempo vazio” (Antonin Wiser);
“Os afetos na pandemia: algumas considerações filosóficas e psicanalíticas” (Iasmin Martins);
“Movimento na pausa” (André Lepecki);
“Posfácio a ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak” (Eduardo Viveiros de Castro);
“Um mundo em suspensão: des-globalização e reinvenção” (John Rajchman);
“Coexistência e co-imunismo” (Sam Mickey);
“O preço das coisas sem preço” (David Le Breton);
“A palavra enquanto” (Helga Fernández, Victoria Larrosa, Macarena Trigo);
“Rumos da universidade pública” (Colegiado do Bacharelado em História - Memória e Imagem, da Univ. Federal do Paraná);
“Coronavida: o pós-pandêmico é agora” (Giselle Beiguelman);
“Quando estamos separados, não estamos sozinhos” (Fred Moten e Stefano Harney);
“Traços humanos nas superfícies do mundo” (Judith Butler);
“Contingência, solidão, interrupção: ideias isoladas sobre um tempo com o qual não contávamos” (Eduardo Pellejero);
“O vírus é uma força anárquica de metamorfose” (Emanuele Coccia);
“Aprendendo do vírus” (Paul Preciado);
“Monólogo do vírus: eu vim parar a máquina cujo freio de emergência vocês não estavam encontrando” (https://lundi.am/Monologo-do-virus).
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