CHAMADA DOSSIÊ: PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS COTIDIANOS

04.06.2025

CHAMADA DOSSIÊ: PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS COTIDIANOS

A Revista Cartema (ISSN: 2763-8693) do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) convida pesquisadores nacionais e internacionais para participar enviando suas contribuições para o DOSSIÊ: PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS COTIDIANOS, que será publicado em 2026. Será organizado pela Dra. Isabel Almeida Carneiro (UERJ), Dr. Victor Junger (UERJ) e Dra. Jacqueline Siano (UERJ) com as editoras Dra Luciana Borre (UFPE) e Maria Emília Sardelich (UFPB). 

Cartema publica artigos, ensaios visuais e exposições artísticas comentadas. As/os interessadas/os deverão submeter seus trabalhos na plataforma da Revista Cartema até o dia 15 de outubro de 2025, conforme as Diretrizes para Autores, disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/CARTEMA/about/submissions

SOBRE O DOSSIÊ: PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS COTIDIANOS

O dossiê temático tem por objetivo abrigar pesquisas voltadas a procedimentos artísticos cotidianos com processos educacionais e criativos nas artes visuais, considerando os cruzamentos que, de forma comum e resistente, ocorrem entre eles em diferentes territórios de investigação. Nesse sentido, o seu intuito é reunir pesquisas em processos artísticos elaborados junto às práticas cotidianas que, pela relevância da/na formação, com ênfase na produção de imagens e/ou formas de visualidade, sejam capazes de desenvolver os aspectos artísticos-pedagógicos dos procedimentos abordados.

Defendemos que os procedimentos cotidianos, suas possibilidades e trânsitos pedagógicos, contribuem para diferentes entendimentos sobre as formas artísticas que, principalmente, se dão no compartilhamento dos sentidos, esse, sim, território crucial e inegociável da educação.  Sabemos que em qualquer ordem os fazeres não se reduzem à pragmática das rotinas e à estereotipização do ordinário, sendo, por isso, marcados pelos prazeres e pelas fruições que, contrários à sua recusa, expressam o lado amorfo e extraordinário do cotidiano. Pertence ao próprio cotidiano a insignificância impertinente e rebelde dos gestos responsáveis por afastar o tédio das suas atribuições. É parte do cotidiano o desejo inescapável de contrariar os rudimentos desinteressantes das rotinas. 

“o cotidiano é cheio de contradições e ambiguidades, pois traz em si o gesto trivial e insignificante e o despertar do interesse pelos estudos mais avançados das ciências sociais, da política e das artes. É no gesto cotidiano que reside a mais simplória e honesta manifestação de todos e de qualquer um. O cotidiano é arredio. É aquilo que escapa ao controle mais rigoroso dos sentidos e das subjetividades. É o desimportante e sem-sentido para os grandes atos do mundo e das palavras de ordem, pois o comezinho não dignifica as grandes figuras de poder, não nomeia nada. e é justo aí, que o cotidiano escapa: Ele pertence à insignificância, e o insignificante é sem verdade, sem realidade, sem segredo, mas é talvez também o lugar de toda significação possível."  (p.237)”.

O esforço constante e resistente em se comprometer com a diferença de cada dia está longe de corresponder a uma lógica estranha e alheada dos hábitos. Ocorre a tal esforço confundir-se com os impulsos de uma renovação diária cujo desdobramento das imagens e das palavras torna a repercutir tal diferença. É nisso que reside seu estranhamento e sua singularidade. As práticas artísticas tentam “esboçar uma teoria das práticas cotidianas para extrair do seu ruído as maneiras de fazer” (CERTEAU, 2000, p.17), sendo o cotidiano fundamental para a emergência dos processos artísticos e educativos em artes. As práticas artísticas tentam integrar uma constelação de procedimentos cotidianos resultando em processos artísticos fragmentários.
Dessa maneira, esperamos promover com o Dossiê a reunião de procedimentos artísticos tão diversos e em território tão dispersivo quanto o são os cotidianos urbanos e domésticos da cidade. 

Bibliografia:

BLANCHOT, Maurice. A fala cotidiano. In: A conversa infinita: a experiência limite 2. São Paulo: Escuta, 2007, pp. 235-246.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2000.
HUCHET, Stéphane. A Sociedade do Artista: ativismo, morte e memória da arte. São Paulo: Editora 34, 2023.