Financeirização do setor sucroenergético no Vale do Ivinhema (MS): breves considerações a partir do RenovaBio
DOI :
https://doi.org/10.51359/2675-3472.2024.262548Mots-clés :
adecoagro, finanças verdes , impactos ambientaisRésumé
A financeirização do agronegócio brasileiro é marcada pela concentração e centralização do capital financeiro através, sobretudo, da territorialização de empresas transnacionais. As transformações recentes no setor sucroenergético são emblemáticas deste contexto nacional. Concomitante à crescente oferta de diversos instrumentos de financiamentos específicos para a agropecuária, abrange-se no Brasil os programas de subsídios e captação de recursos para uma “economia verde”, beneficiando também a produção agrícola. A Lei do Programa RenovaBio é aprovada nessa conjuntura, ela objetiva reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) através da regulação do mercado de créditos de descarbonização (CBios). Por ser o principal produtor de biocombustível (etanol) o agronegócio sucroenergético é o mais favorecido pelo programa. Nesta pesquisa, interpreta-se o RenovaBio como o mais novo instrumento financeiro para o referido setor e que tende a agravar os problemas fundiários, sociais e ambientais provenientes dele. O caso de um empresa transnacional que foi a primeira a negociar CBios e, mas que, ao mesmo tempo, responde por processo de danos ambientais provocados por pulverização de agrotóxicos corrobora sobre a relação complexa entre finanças, agronegócio e “transição verde”.
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