Atividades de campo no ensino de Geografia em Angola: análise da sua trajetória no contexto educativo nacional
DOI :
https://doi.org/10.51359/2594-9616.2024.265140Mots-clés :
atividades de campo, ensino de geografia, formação de professores, AngolaRésumé
Desde tempos remotos, as atividades de campo têm sido fundamentais para a compreensão dos conhecimentos geográficos, constituindo uma forma essencial de organização do ensino de Geografia, vinculando a teoria à prática. Contudo, o conhecimento sobre os seus antecedentes no ensino de Geografia em Angola é limitado, devido à escassez de estudos sobre o tema, o que representa uma lacuna na formação de professores desta área. Este estudo apresenta uma aproximação à trajetória das atividades de campo no ensino de Geografia em Angola, desde a época colonial até a atualidade. O objetivo é analisar a evolução das atividades de campo nas diferentes etapas do desenvolvimento educativo angolano, destacando os principais avanços e desafios. A metodologia do estudo adaptou a revisão bibliográfica, a análise documental e a entrevista com um especialista cubano com amplo conhecimento sobre a experiência angolana no período pós-independência. A triangulação dos dados foi realizada para assegurar a validade e a confiabilidade dos resultados. Os dados recolhidos foram submetidos a uma análise crítica. Os resultados indicam que, durante o período colonial, a educação era elitista, com atividades de campo praticamente inexistentes. Após a independência em 1975 e as reformas educativas subsequentes, houve esforços para incluir conteúdos geográficos locais e metodologias práticas, mas o conflito armado até 2002 limitou essas iniciativas devido ao risco de ataques ou campos minados. Com a paz alcançada em 2002 e a Reforma Educativa de 2004, as atividades de campo passaram a integrar a política educativa e a constituir uma disciplina independente nos cursos superiores de formação de professores de Geografia. Portanto, apesar dos desafios históricos e políticos, as atividades de campo sempre constituíram uma prática essencial no ensino de Geografia em Angola, contribuindo para a aprendizagem de conceitos, habilidades e atitudes geográficas.
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