Concepções de diversidade na Base Nacional Comum Curricular – BNCC

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33052/inter.v6i11.247750

Palavras-chave:

Concepções de Diversidade, Base Nacional Comum Curricular -BNCC, Políticas Curriculares, Sujeitos Sociais

Resumo

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa documental que teve como objetivo identificar concepções de diversidade no texto da Base Nacional Comum Curricular - BNCC, documento normativo que orientará as escolas na definição e/ou reelaboração de seus currículos. Foram identificadas as concepções universalista, celebratória e crítico-discursiva, com predominância da universalista e da celebratória, evidenciando que a cultura do silenciamento da diversidade se mantém hegemônica nesta política curricular ao enfatizar a uniformidade e a padronização de conhecimentos e indivíduos, secundarizando as diferenças culturais, étnicas, identitárias de vários coletivos de sujeitos (negros, quilombolas, índios, camponeses, mulheres, dentre outros) que reivindicam visibilidade e reconhecimentos em políticas curriculares. Os lugares e significados atribuídos à diversidade no corpus analisado evidenciam que a BNCC se constitui como referencial curricular que prioriza conhecimentos essencializados e universalistas, ao atribuir-lhes destaque em relação aos conhecimentos diversificados e enfatizar um ensino baseado em competências performativas para o mercado de trabalho.

Biografia do Autor

Eliane Fernandes Gadelha Alves, Universidade Federal de Campina Grande

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG na linha de pesquisa Práticas Educativas e Diversidade.

Dorivaldo Alves Salustiano, PPGEd/UFCG

Doutor em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unidade Acadêmica de Educação da Universidade Federal de Campina Grande

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Publicado

2020-08-06

Edição

Seção

Artigos em fluxo contínuo