“Passando a boiada" na Educação Ambiental: os programas educacionais do agronegócio
DOI:
https://doi.org/10.51359/2675-3472.2023.261628Palavras-chave:
agronegócio, educação ambiental, sustentabilidade, programas educacionaisResumo
Este artigo tem por objeto de estudo materiais educativos elaborados por programas educacionais do agronegócio, direta ou indiretamente vinculados à Educação Ambiental (EA). Considerando a inserção deste setor na educação, a análise de suas intencionalidades, bem como de seus possíveis reflexos na sociedade, pode ser um instrumento importante para a avaliação de suas condutas e para tomada de decisões. No que diz respeito à questão ambiental, a investigação da atuação do agronegócio torna-se ainda mais relevante, haja vista os dados e denúncias existentes sobre seus impactos nocivos ao meio ambiente, resultantes de sua expansão econômica predatória. De forma a investigar essas questões, optamos pela análise documental de três publicações, de diferentes entidades, voltadas para o público infantil: Tecendo Conexões, nº 5 (Programa Agrinho/Faep); Agronegócio: sua vida depende dele (Programa Educacional Agronegócio na Escola/Abag-RP); e Capitã Recicla nº 2 (Programa Óleo Sustentável/Abiove e Sindóleo). Os resultados demonstram que, além de um discurso que mascara a questão agrária, a atuação do agronegócio na EA promove, majoritariamente, ainda que em diferentes graus e formatos, um discurso conservador e de tendência pragmática, com ênfase em abordagens educacionais tradicionais e comportamentalistas.
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