Morfodinâmica de praia em ambiente fluviomarinho amazônico (Jubim, Ilha do Marajó, Brasil)
DOI:
https://doi.org/10.26848/rbgf.v18.05.p3697-3717Palavras-chave:
Morfodinâmica Praial, Sedimentação, Praias estuarinas, Macromaré, AmazôniaResumo
As ilhas fluviomarinhas são caracterizadas por receber influência oceânica, mas também grande influência fluvial. O conjunto delas forma arquipélagos de extensões variadas, tal como a Ilha do Marajó, maior ilha fluviomarinha do planeta. O Distrito de Jubim (município de Salvaterra) está situado na margem leste da Ilha do Marajó. O objetivo deste artigo foi analisar as alterações na morfologia e sedimentação das praias estuarinas de Jubim e adjacências, durante um ciclo sazonal completo (março de 2023 a março de 2024). As coletas de dados foram realizadas em quatro praias especificas, sendo elas: Praia das Meninas, Praia da Baleia, Praia de Curuanã e Praia de Salazar. Para a caracterização do estado morfodinâmico das praias foi utilizado como referência o parâmetro declividade (β), oriundo do tratamento de dados topográficos de perfis de praia. Para análise granulométrica, amostras de sedimentos superficiais foram submetidas à peneiramento a seco, a fim de se obter o tamanho médio deles. As praias apresentaram granulometria variando de areia média a fina, moderadamente bem selecionadas, e o estado morfológico praial foi dissipativo a intermediário (declividade praial de 0,2° a 2,6º). As praias apresentaram parâmetros morfométricos bastante variados: elevação topográfica de 5,6 m a 2,7 m, e largura praial variando de 79 m a 550 m. Observou-se processos erosivos principalmente no período chuvoso e maior deposição sedimentar no período seco, favorecendo um balanço sedimentar sazonal.
Referências
Anilkumar, P. P., Varghese, K., Ganesh, LS., & Krishnaveni, K. S. (2023). Quantifying the interactions of land use allocation and coastal zone systems: a conceptual framework. Journal of Integrated Coastal Zone Management, 23(1), 7-26. https://doi.org/10.5894/rgci-n489
Aouiche, I., Daoudi, L., Anthony, E. J., Sedrati, M., Ziane, E., Harti, A., & Dussouillez, P. (2016). Anthropogenic effects on shoreface and shoreline changes. Input from a multi-method analysis, Agadir Bay, Morocco. Geomorphology, 254,16-31. https://doi.org/10.1016/j.geomorph.2015.11.013
Barreto, W.L., Dias, N.W., Gomes, L.P., Silva Filha, A.C., Perrone, A.C., & Rodrigues, A.E. (2023). A pesca artesanal no estado do Pará – Brasil. [Recurso eletrônico]. Atena. https://atenaeditora.com.br/catalogo/dowload-post/75530
Barros, J.L., Santos, P.P., Tavares, A.O., Freire, P., Fortunato, A.B., Rilo, A., & Oliveira, S.B.F.F. (2023). The complexity of the coastal zone: Definition of typologies in Portugal as a contribution to coastal disaster risk reduction and management. International Journal of Disaster Risk Reduction, 86, 103556. https://doi.org/10.1016/j.ijdrr.2023.103556
Behling, H., Cohen, M.C.L., & Lara, R.J. (2004). Late Holocene mangrove dynamics of the Marajó Island in northern Brazil. Vegetation History and Archaeobotany, 13, 73-80. https://doi.org/10.1007/s00334-004-0031-1
Biausque, M., Grottoli, E., Jackson, D.W.T., & Cooper, J.A.G. (2020). Multiple intertidal bars on beaches: A review. Earth-Science Reviews, 210, 1-18. https://doi.org/10.1016/j.earscirev.2020.103358.
Calliari, L.J.; Muehe, D.; Hoefel, F.G.; & Toldo Jr., E., (2003). Morfodinâmica praial: uma breve revisão. Revista Brasileira de Oceanografia, 51, 63-78. https://doi.org/10.1590/S1413-77392003000100007
Corrêa, I.C.S. (2005). Aplicação do diagrama de Pejrup na interpretação da sedimentação e da dinâmica do estuário da Baía de 360 Marajó-PA. Pesquisas em Geociências, 32(2), . 109-118, DOI: 10.22456/1807-9806.19551
Davis, R.A. (1985). Coastal Sedimentary Environments (2 ed). USA: Halliday Lithograph.
Dong, W.S., Ismailluddin, A., Yun, L.S., Ariffin, E.H., Saengsupavanich, C., Maulud, K.N.A., Ramli, M.Z., Miskon, M.F., Jeofry, M.H., Mohamed, J. Mohd, F.A., Hamzah, S.B., & Yunus, K. (2024). The impact of climate change on coastal erosion in Southeast Asia and the compelling need to establish robust adaptation strategies. Heliyon, V. 10(4), e25609. https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2024.e25609.
El-Robrini M., Ranieri, L. A., Silva, P. V. M., Alves, M.A.M.S., Gerreiro, J.S., Oliveira, R.R.S., Silva, M.S.F., Amora, P.B.C., El-Robrini, M.H.S., & Fenzl, N. (2018). Pará, In D. Muehe (Org.), Panorama da Erosão Costeira no Brasil (Vol. 2, pp. 65-166). Ministério do Meio Ambiente. https://gaigerco.furg.br/images/Arquivos-PDF/Livro_panorama_erosao_costeira.pdf
El-Robrini, M., Silva, P.V.M., Guereiro, J.S., & Ranieri, L.A. (2024). Seasonal and macrotidal influence on the marphodynamics of estuarine beaches (Marajó island - Eastern amazon - Brazil). Quaternary and Environmental Geosciences, 15. https://doi.org/10.5380/qeg.v15i0.94228
Fellowes, T.E., Vila-Concejo, A., Gallop, S.L., Schosberg, R., De Staercke, V., Largier, J.L., (2021). Decadal shoreline erosion and recovery of beaches in modified and natural estuaries. Geomorphology, 390. https://doi.org/10.1016/j.geomorph.2021.107884
Folk, R.L., & Ward, W.C. (1957). Brazos river bar: a study in the significance of grain size parameters. Journal of Sedimentary Petrology, 27(1), 3-26. https://doi.org/10.1306/74D70646-2B21-11D7-8648000102C1865D
França, C. F. & Souza Filho, P.W.M. (2003). Análise das mudanças morfológicas costeiras de médio período na margem leste da Ilha de Marajó (PA) em imagem Landsat. Revista Brasileira de Geociências, 33, 127-136. https://doi.org/10.25249/0375-3687536.200333S2127136
França, C.F., & Pimentel, M.A.S. (2012). Diversidade paisagística das margens oeste e leste da baía de Marajó, Pará, norte do Brasil. Revista Geonorte, V. 3(4), 900-910. www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/revista-geonorte/article/view/1996
Freire P., Taborda R., & Silva A.M. (2007). Sedimentary characterization of Tagus estuarine beaches (Portugal). A contribution to the sediment budget assessment. Journal of Soils and Sediments, 7, 296-302. https://doi.org/10.1065/jss2007.08.243
Gallop, S.L., Vila-Concejo, A., Fellowes, T.E., Harley, M.D., Rahbani, M., Largier, J.L., (2020). Wave direction shift triggered severe erosion of beaches in estuaries and bays with limited post-storm recovery. Earth Surface Processes and Landforms, 45(15), 3854-3868. https://doi.org/10.1002/esp.5005
Henriques, R.J. (2022). Geoambientes, geoarqueologia e cenários de mudanças climáticas na Ilha do Marajó, Amazônia brasileira. [Tese de doutorado, Universidade Federal do Pará]. Repositório Digital da UFMG. https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/53904
Jackson, N.L., Nordstrom, K.F., Eliot, I., & Masselink, G. (2002). Low-energy sandy beaches in marine and estuarine environments: a review. Geomorphology, 48, 147-162. https://doi.org/10.1016/S0169-555X(02)00179-4
Kennedy, D.M, McCarroll, R.J, Fellowes, T.E, Gallop, S.L, Pucino N, McSeeney, S.L, Vila-Concejo, A, Reef R, Yuan R, Carvalho R, Quang T.H, Ierodiaconou D., (2023). Drives of seasonal and decadal change on na estuarine beach in a fetch-limited temperature embayment. Marine Geology. 463. 2. https://doi.org/10.1016/j.margeo.2023.107130
Lharti, S., Florb, G., El kasmi, S., Flor-Blanco, G., El Janati, M., Marcelli, M., Piazzolla, D., Scanu, S., Della Venturae, G., Boukili, B., & El Moutaoukkil, N. (2024). Multi-decadal evolution of the Moroccan Atlantic shoreline: A case study from the Essaouira coastal sector. Journal of African Earth Science, 212, 1-24. https://doi.org/10.1016/j.jafrearsci.2024.105191.
Lima, A.M.M., Oliveira, L.L., Fontinhas, R.L., & Lima, R.J.S. (2005). Ilha do Marajó: Revisão histórica, hidroclimatológica, bacias hidrográficas e proposta de gestão. Holos Environment, 5(1), 65–80. https://doi.org/10.14295/holos.v5i1.331
Lira, B.R.P., Crispim, D.L., Ferreira Filho, D.F., Fernandes, L.L., & Pessoa, F.C.L. (2020). Agrupamento de precipitação no estado do Pará, Brasil. Revista de Gestão de Água da América Latina, 17, e19. https://doi.org/10.21168/rega.v17e19
Machado, G.M.V. & Pinheiro, B.L. (2021). Depósitos fluviais e marinhos na zona costeira: uma abordagem sedimentológica e morfológica da região de Vitória, ES, Geografares, 3. http://journals.openedition.org/geografares/3449
Marengo, J.A., Nunes, L.H., Souza, C.Rg., Hosokawa, E.K., Pedro, G.R., Harari, J., Moreira, P.F., Franco, P.L., Bandini, M.P. Garcia, P.D., & Gireli, T.Z. (2022). Risk management and vulnerability to sea level rise in Brazil, with emphasis to the legacy of the Metropole Project in Santos. Derbyana, 43, p. e768. https://doi.org/10.14295/derb.v43.768
Menezes, R.A.A., Guimarães, D.K.M., & El-robrini, M. (2024). Variations of the coastline in a medium period (1985-2017) of a tropical island: the case of Soure (Marajó - Pará/Brazil). Boletim Paulista de Geografia, 1(112), 51–76. https://doi.org/10.61636/bpg.v1i112.3300
Miranda, M.C.C. (2010). Sedimentologia, isópotos estáveis e palinologia de depósitos quaternário no leste da Ilha do Marajó, Estado do Pará. [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo]. Repositório Digital da USP. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-06052010-140038/pt-br.php
Negrão, Y.S., Sousa, H.C., & Ranieri, L.A. (2022). Vulnerabilidade à erosão costeira em praias amazônicas e a ocupação populacional em áreas de riscos. Revista Brasileira De Geomorfologia, 23(2), 1264-1284. https://doi.org/10.20502/rbg.v23i2.1951
Nicolodi, JL & Zamboni, A (2008). Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Mudancas Climáticas e Qualidade Ambiental. [Recurso eletrônico]. Ministério do Meio Ambiente. https://gaigerco.furg.br/images/Arquivos-PDF/MDZC__Biodiversidade.pdf
Nmiss M, Anthony, E, Amyay, M, & Ouammou, A. (2022). Multi-decadal shoreline change, inherited coastal morphology and sediment supply in the Souss-Massa littoral cell (Morocco), and a prognosis with sea-level rise. Journal of African Earth Science,196, 1-12.
Nordstrom K. F. 1992. Estuarine beaches (1 ed.). London: Elsevier Science Publishers.
Novaes, G. de O., Lobo, F. C., & Ranieri, L.A. (2024). Geoindicadores de vulnerabilidade à erosão e risco costeiro em praias estuarinas da costa amazônica. Revista Brasileira de Geomorfologia, 25(2). https://doi.org/10.20502/rbgeomorfologia.v25i2.2461.
Rahbani, M., Vila-Concejo, A., Fellowes, T.E., Gallop, S.L., Winkler-Prins, L., Largier, J.L., (2022). Spatial patterns in wave signatures on beaches in estuaries and bays. Geomorphology 398. https://doi.org/10.1016/j.geomorph.2021.108070
Ramos, C.C., & Ranieri, L.A. (2021). Morfologia e Sedimentação de uma Praia Estuarina Amazônica (Marahú/PA) Durante Amplitudesde Marés Distintas. Revista Brasileira de Geografia Física, 14(5), 2916-2930. https://doi.org/40410.26848/rbgf.v14.5.p2916-2930
Rosário, R.P. (2016). Análise de processos oceanográficos no estuário do rio Pará [Tese de doutorado, Universidade Federal do Pará]. Repositório Digital da UFPA. https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8876
Sazaki, T.O. (1980). Procedings of Coastal’80. ASCE 3197-3209.
Silva, C.G., Patchineelam, S.M., Baptista Neto, J.A. & Ponzi, V.R.A. (2004). Ambientes de Sedimentação Costeira e Processos Morfodinãmicos Atuantes na linha de Costa. In: Baptista Neto, J.A., Ponzi, V.R.A., Sichel, S.E. (Org), Introdução à geologia marinha (V. 1, pp. 175-218). Interciência.
Sousa, M.B.P., & Ranieri, L.A. (2023) Morfodinâmica de praias estuarinas da costa leste da Ilha do Marajó, Amazônia Oriental. Revista Brasileira de Geomorfologia, 24(3). https://doi.org/10.20502/rbg.v24i3.2350
Souza Júnior, R.L.B., Gregório, M.N., & Carneiro, M.C.S.M. (2024). Estudo Sedimentológico e Geoindicadores Morfológicos das Praias Arenosas do Arquipélago de Fernando de Noronha, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Geografia Física, 17(5), 3556-3569. https://doi.org/10.26848/rbgf.v17.5.p3556-3569
Souza, L. S. B (2010). Evidências tectônicas no Leste da Ilha do Marajó: Integração de dados morfoestruturais e geofísicos. [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo]. Repositório Digital da USP. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44141/tde-23012011-201301/publico/LSBS.pdf
Suguio, K. (1998). Dicionário de geologia sedimentar e áreas afins. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Vila-Concejo, A., Fellowes, T.E., Gallop, S., Alejo I., Angnuureng, D.B., Benavente, J., Bosma, J.W., Brempong, E.K., Dissanayake, P., Gazi, M.Y., González-Villanueva, R., Guimarães, R., Kennedy D.M., Largier, J.L., Van der Lugt, M.A., Montes, J., Orescanin, M., Pattiaratchi, C.B., Pereira, L.C.C., Pereira, R.L.M.C., Price, T., Rahbani, M, Del Río, L., Rosenthal, M., Schipper, M., Ton, A.M., WinklerPrins, L., Chen, Z. (2024). Morfodinâmica e desafios de gestão para praias em estuários e baías modificadas. Cambridge Prisms: Coastal Futures, 2, e11. https://doi.org/10.1017/cft.2024.7
Wentworth, C.K. (1922). A scale of grade and class terms for terms for clastic sediments. Journal of Geology, 30(5), 377-392. https://www.jstor.org/stable/30063207
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Mayara de Souza Rodrigues, Fabricio de Sousa Figueredo, Leilanhe Almeida Ranieri

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista Brasileira de Geografia Física concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (exemplo: depositar em repositório institucional ou publicar como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão para disponibilizar seu trabalho online antes ou durante o processo editorial, em redes sociais acadêmicas, repositórios digitais ou servidores de preprints. Após a publicação na Revista Brasileira de Geografia Física, os autores se comprometem a atualizar as versões preprint ou pós-print do autor, nas plataformas onde foram originalmente disponibilizadas, informando o link para a versão final publicada e outras informações relevantes, com o reconhecimento da autoria e da publicação inicial nesta revista.
Qualquer usuário tem direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.