Corporificar a escola e o ensino de geografia: diálogos necessários para o reconhecimento das diferenças na produção do espaço escolar
DOI :
https://doi.org/10.51359/2594-9616.2022.251331Mots-clés :
Corpo, Gênero, Sexualidades, Raça, Espaço escolarRésumé
Pensar em corporificar a escola e o ensino de Geografia é mais do que entender que existem corpos presentes tanto no espaço escolar quanto no ensino da ciência geográfica e que devemos fazer algo a respeito disso. Isso porque essa afirmação reduzir o constituir a escola e o ensino ao estar na escola ensinando, o que não leva em consideração que nossos corpos constituem tanto o espaço escolar quanto os processos de ensino-aprendizagem. Utilizando da Geografia da Percepção como método, e arcabouçado pelas Geografias Feministas, entre demais intelectuais, por meio de um esforço teórico, o presente texto busca problematizar as abstrações com que, muitas vezes, o ensino de Geografia é trabalhado pensando em outros horizontes tanto para esse ensino quanto para a escola, por meio da corporificação. Assim, a sala de aula dá espaço para a incerteza e para o desconhecido no que tange ao ensinar e aprender Geografia, onde diferenças como as de gênero, sexualidades e raça não se deixam invisibilizar, demonstrando como o corpo está além do trabalho dele em conteúdos a serem ministrados e percebendo a importância de se trabalhar com ele tanto para ensinar como para aprender Geografia.
Références
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
BUTLER, Judith. Regulações de gênero. cadernos pagu, v. 42, n. 1, p. 249-274, 2014.
CASSIMIRO, Érica; GALDINO, Francisco; SÁ, Geraldo. As concepções de corpo construídas ao longo da história ocidental: da Grécia Antiga à Contemporaneidade. Revista Eletrônica Print, n. 14. São João Del Rei, 2012.
CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.
FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez Editora, 2017.
FLAUZINA, Ana Luisa. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade de Brasília. Brasília, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
GREEN, Bill; BIGUM, Chris. Alienígenas em sala de aula. In: SILVA, Tomaz Tadeu (Org.). Alienígenas em Sala de Aula. Petrópolis: Vozes, 2013.
GIORDANI, Ana. Geografia Escolar: neoliberalismo, necropolítica e as coisinhas do chão. Educação Geográfica em Foco. Ano 3. n. 6 Especial 2º ELG. 2019.
GIROTTO, Eduardo. Dos PCNs a BNCC: o ensino de Geografia sob o domínio neoliberal. Geo UERJ. n. 30. 2017.
GIROTTO, Eduardo; GIORDANI, Ana. Princípios do ensinar-aprender Geografia: apontamentos para a racionalidade do comum. Geografia. v. 44, n. 1. 2019.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: HOLLANDA, Heloisa. Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: SILVA, Tomaz Tadeu. Antropologia Ciborgue. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2017.
HOLLANDA, Heloisa. Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2018.
LEFEBRVE, Henri. La producción del espacio. Trad. Emílio Martínez. Madrid: Capitán Swing Libros S. L., 2013.
LEFEBRVE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.
MOREIRA, Ruy. O Discurso do Avesso: para a crítica da Geografia que se ensina. São Paulo: Contexto, 2014.
NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo negro: tensionando interseccionalidades. In: BOAKARI, Francis; SILVA, Francilene; BATISTA, Illana. Políticas Públicas e Diversidade: quem precisa de identidade? Teresina: EdUFPI, 2020.
NASCIMENTO, Letícia. Monstra-Florescer: feminilizando práticas educativas. In: ADAD, Shara; LIMA, Joana; BRITO, Antônia. Práticas educativas: múltiplas experiências em educação. Fortaleza: Editora da UECE, 2021.
NUNES, Camila. Geografias do corpo: por uma Geografia da diferença. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: IGEO/UFRGS, 2014.
OLIVEIRA, Anita Loureiro de. Geografias, existências e corporalidades discordantes: narrativas periféricas e Transfeminismo. Anais do XIII ENANPEGE. São Paulo, 2019a.
OLIVEIRA, Anita Loureiro de. Geografias corporificadas: outras narrativas da vida na metrópole. In: OLIVEIRA, Anita Loureiro de; SILVA, Catia (Orgs.). Metrópole e crise societária: resistir para existir. Rio de Janeiro: Consequência, 2019b.
RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.
RATTS, Alex. Corporeidade e diferença na Geografia Escolar e na Geografia da escola: uma abordagem interseccional de raça, etnia, gênero e sexualidade no espaço educacional. Terra Livre. Ano 31, v. 1, n. 46. 2016.
ROCHA, Lurdes. Fenomenologia, semiótica e Geografia da Percepção: alternativas para analisar o espaço geográfico. Revista da Casa de Geografia de Sobral, v. 4, p. 67-79, 2003.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia cidadã: por uma epistemologia da existência. Boletim Gaúcho de Geografia. Porto Alegre, 1996.
SILVA, Joseli. Fazendo Geografias: pluriversalidades sobre gênero e sexualidades. In: SILVA, Joseli (Org.). Geografias Subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades. Ponta Grossa: TodaPalavra, 2009.
SILVA, Joseli. Espaço interdito e experiência travesti. In: SILVA, Joseli; ORNAT, Marcio; JUNIOR, Alides. Geografias Malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: TodaPalavra, 2013.
SILVA, Joseli; ORNAT, Marcio; JUNIOR, Alides. O legado de Henri Lefebvre para a constituição de uma Geografia corporificada. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n. 41, v. 3, Dossiê “Geografias interseccionais: gênero, raça, corpos e sexualidades” p. 63-77, jul-dez, 2019.
SILVA, Joseli. SILVA, Maria das Graças. Introduzindo as interseccionalidades como um desafio para a análise espacial no Brasil: em direção às pluriversalidades do saber geográfico. In: SILVA, Joseli; SILVA, Maria das Graças. Interseccionalidades, gênero e sexualidades na análise espacial. Ponta Grossa: TodaPalavra, 2011.
SILVA, Susana. Geografia e Gênero / Geografia Feminista: o que é isto? Boletim Gaúcho de Geografia, n. 23. AGB-PA, Porto Alegre, p. 7- 144, 1998.
SOURIAU, Étienne. Diferentes modos de existência. São Paulo: N-1 edições, 2020.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Victor Pereira de Sousa 2022

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantêm os direitos autorais e concedem à REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) da Universidade Federal de Pernambuco o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
d) Os conteúdos da REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) estão licenciados com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. CC BY - . Esta licença permite que os reutilizadores distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do material em qualquer meio ou formato, desde que a atribuição seja dada ao criador. A licença permite o uso comercial.
No caso de material com direitos autorais a ser reproduzido no manuscrito, a atribuição integral deve ser informada no texto; um documento comprobatório de autorização deve ser enviado para a Comissão Editorial como documento suplementar. É da responsabilidade dos autores, não da REVISTA ENSINO DE GEOGRAFIA (RECIFE) ou dos editores ou revisores, informar, no artigo, a autoria de textos, dados, figuras, imagens e/ou mapas publicados anteriormente em outro lugar.