Colonialidade, branquitude e invisibilidade de questões raciais no ensino jurídico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51359/2525-7668.2022.256272

Palavras-chave:

Colonialidade, Branquitude, Racismo, Ensino Jurídico

Resumo

No presente estudo realizamos uma leitura crítica acerca da consideração dodebate sobre questões raciais na organização político-pedagógica do ensinojurídico. Refletimos as bases do bacharelismo, do dogmatismo e do tecnicismojurídico enquanto proposituras reativas da branquitude e responsáveis peloapagamento das questões raciais na referida formação superior. Assim, oargumento central mobilizado e desenvolvido ao longo deste texto é de que asiniciativas que se propõem, atualmente, ao questionamento do protótipocolono-branco-eurocêntrico das formações jurídicas, no Brasil, tangenciam demodo tímido e insuficiente, e sem maior especificidade e criticidade, adesconstrução da herança racista e colonial e, logo, invisibilizam aspectosrelacionados às demandas raciais na educação jurídica.

Biografia do Autor

Beatriz Maurício Torres Macêdo, Universidade de Pernambuco

Graduanda em Direito - Universidade de Pernambuco - Campus Arcoverde. Pesquisadora de Iniciação Científica pelo CNPq. Integrante do Grupo de Pesquisa: G-pense! - Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (UPE/CNPq).

     

Fernando da Silva Cardoso, Universidade de Pernambuco

Doutor em Direito - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com período sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal. Tese recebeu Menção Honrosa - área Direito - no Prêmio CAPES de Tese - Edição 2020. Mestre em Direitos Humanos - Universidade Federal de Pernambuco. Especialista em Direitos Humanos - Universidade Federal de Campina Grande. Bacharel em Direito - Centro Universitário do Vale do Ipojuca. Professor Adjunto Nível I do Curso de Direito - Campus Arcoverde e Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares - Campus Petrolina da Universidade de Pernambuco. Coordenador Setorial de Pesquisa e Pós-graduação e Membro do Comitê de Ética em Pesquisa - UPE Multicampi. Líder do G-pense! - Grupo de Pesquisa sobre Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (UPE/CNPq). Pesquisador dos Grupos de Pesquisas sobre Gênero, Democracia e Direito (PUC-Rio/CNPq) e Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Cidadania (UFPE/CNPq). Membro da RED ALAS - Red Latinoamericana de Académicas/os del Derecho, do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Educação em Direitos Humanos (NEPEDH-UFPE) e do Núcleo de Diversidade e Identidades Sociais (NDIS-UPE).

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Publicado

2022-12-20

Edição

Seção

Artigos em fluxo contínuo