Políticas linguísticas e educacionais e a educação linguística de surdos sob horizontes translíngues e decoloniais: a construção de um banco de dados
Palavras-chave:
Políticas linguísticas e educacionais, Educação linguística, Surdos, Translinguagem, DecolonialidadeResumo
Este artigo objetiva relatar e discutir os resultados de uma pesquisa de iniciação científica, a qual se propôs a fazer um levantamento bibliográfico de publicações que focalizassem a educação linguística de surdos em sua relação com políticas linguísticas e educacionais e em diálogo com horizontes epistemológicos translíngues e decoloniais, com o propósito de construir um banco de dados que possa dar suporte teórico-prático a educadores que atuam em contexto de surdez. Para isso, foram consultadas revistas da área de Linguística e Literatura do sistema de classificação de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Como critério para seleção dos textos do banco de dados, foram considerados: a temática em foco e o período de 2017 a 2021. Portanto, a pesquisa tem caráter qualitativo e natureza exploratória. A discussão desse material se ancora em pressupostos da Translinguagem (BALABUCH, 2019), de Política Linguística (RAJAGOPALAN, 2013; SEVERO, 2013) e de ensino bilíngue de surdos (BARBOSA; NEVES; BARBOSA, 2013; VIEIRA-MACHADO; VIEIRA-MACHADO, 2020). O resultado dessa investigação possibilitou perceber a urgência de olhar criticamente para a educação linguística institucionalizada da pessoa surda. Além de constatar que a educação linguística do surdo não deve estar alheia à sua realidade social. Frente a isso, práticas de ensino de língua que se ancoram em perspectivas translíngues mostram-se significativas para seu processo educacional, uma vez que consideram a solidariedade entre os mecanismos utilizados para a produção de sentido, caracterizando um ensino decolonial que foge dos moldes tradicionais, historicamente ineficientes.Referências
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