A loucura em A amiga genial, de Elena Ferrante, como lugar comum às narrativas de Clarice Lispector e Machado de Assis
Palabras clave:
Literatura contemporânea, Psicanálise, Loucura, A Amiga Genial, Elena Ferrante.Resumen
Loucura e literatura caminham lado a lado há muito tempo no decorrer da história. A caminhada dessas duas instâncias da vida humana, em muito unidas pela “política do tabu” (Felman, 2003), permite que, através das representações do que é tido como insanidade na literatura, sejam encontrados os modos pelos quais a loucura é reprimida. Em A amiga genial (2015), de Elena Ferrante, através da narrativa contada pela personagem Lenu, temos a visão de sua amiga Lila, que apresenta comportamentos peculiares, fora do considerado normal tanto por Lenu quanto pelos outros moradores do bairro que habitaram em Nápoles em sua infância e adolescência. Podemos ver como tais comportamentos ou ideias acabam por serem compartilhados por outras personagens, que acompanham Lila em algumas de suas venturas e desventuras. O presente trabalho se propõe a refletir sobre a possível loucura da personagem Lila e daqueles que bebem de sua “insanidade” a partir dos conceitos de loucura como um lugar comum e de loucura feminina como fruto de uma (a)normatização de ordem patriarcal sócio-cultural, ambos postulados por Felman (2003, 1975). Propomos ainda uma abordagem comparativa de A amiga genial com duas obras da literatura brasileira: o conto “Os laços de família” (2009), de Clarice Lispector, e O alienista (2014), de Machado de Assis, com o intuito de identificar a existência de noções de loucura semelhantes às encontradas na narrativa de Ferrante, além de suas ressignificações e apropriações sócio-culturais dentro do enredo de cada uma das referidas obras.
Citas
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