(DES)CONSTRUÇÃO CORPORAL TRANS E O SABER BIOMÉDICO: Reflexões sobre (in)compreensões, equívocos e sentidos corporais.
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2021.v4.n13.p90-115Palavras-chave:
Corpo, Trans, Dissidências.Resumo
O artigo propõe, por meio do método cartográfico, uma análise das aproximações e distanciamentos que pessoas trans fazem do saber biomédico ao produzirem estratégias para a construção de seus corpos. Foram discutidas quatro imagens-cena e duas conversas sobre experiências corporais de pessoas trans, e uma entrevista realizada em um ambulatório transexualizador localizado numa capital de médio porte do centro oeste brasileiro. Constata-se que o saber biomédico continua a operar pela via da normalização e disciplinamento de corpos e sujeitos cujas identidades de gênero e corporalidades questionam o regime cisheteronormativo. Por outro lado (e ao mesmo), a existência e resistência de corpos e subjetividades plásticas e dissidentes que encontram no aparato biomédico apenas uma das múltiplas possibilidades disponíveis para a construção de seus corpos (trans)bordantes. Para xs autorxs, mais do que analisar as tecnologias ofertadas pela hegemonia (bio)médica, interessa analisar os arranjos micropolíticos traçados pelas pessoas em suas biocartografias.
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