MOVIMENTOS FEMINISTAS NO BRASIL E SUA AÇÃO INSUBMISSA FRENTE AO GOLPE DE 2016
DOI :
https://doi.org/10.32359/debin2018.v1.n2.p55-77Mots-clés :
Feminismos, Mulheres, Política, Brasil, Dilma RousseffRésumé
Os recentes acontecimentos que marcam o Brasil no processo e após o impeachment de Dilma Rousseff acirraram um amplo debate sobre a condição da mulher neste País, cuja cultura política é reconhecidamente patriarcal. As ações do movimento feminista demonstraram que o golpe revestido de impeachment, no qual se articularam os setores mais conservadores do País: mídia, o Congresso Nacional, o judiciário, capitaneado pelo Supremo Tribunal Federal e a elite econômica, mostraram que a misoginia, o machismo, o sexismo, são parte de uma cultura patriarcal que não ultrapassou os muros do Século XX. As ofensivas dirigidas à então Presidenta Dilma através de redes sociais e de forma mais direta no episódio da Copa do Mundo em 2014, surpreendeu pela grosseria, misoginia e violência dos homens sobre as mulheres. Uma violência que como se viu ultrapassa os espaços do privado para publicizar de forma inesperada e cruel contra uma mulher que, naquele momento representava a sociedade brasileira tendo em vista sua eleição em 2010 e reeleição em 2014. A ação e reação dos movimentos feministas que, ao longo das décadas se singularizaram pela radicalidade, pela força transgressora das várias articulações, se fez presente em atos de norte a sul do País. Mostrando um feminismo revigorado, criativo, transgressor, articulado e renovado. Neste artigo apresentamos uma reflexão sobre as correntes que ajudam a compreender como os movimentos feministas se movimentaram no País através de várias frentes de lutas. Foram estas frentes que desnudaram e desmascararam o golpe. Os movimentos afirmaram seu potencial de luta de insubmissão e descontentamento em relação à situação de uma mulher que, naquele momento, representava todas as mulheres oprimidas e vítimas do patriarcado. O estudo ora apresentado é parte de reflexões que se dão no contexto acadêmico e na luta feminista como ativista, e como pesquisadora. Metodologicamente o estudo se caracteriza como qualitativo e perspectiva dialética, dada a dimensão das análises que buscam pensar o movimento feminista como movimento político, considerado um dos pilares da emancipação as mulheres, responsável por protagonizar ações políticas de intervenção na realidade.
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