O elo vivo dos mortos: uma análise sobre a função de Juan Preciado na narrativa de Pedro Páramo

Resumen

O presente artigo visa analisar o romance Pedro Páramo, do mexicano Juan Rulfo. Através de investigações sobre as características do realismo mágico, especialmente os escritos de Alicia Llarena, Irlemar Chiampi, e as proposições sobre a literatura fantástica feitas por Ana María Barrenechea, busca, inicialmente, ressaltar os aspectos mágico-realistas que contribuem para a atmosfera proposta pelo autor. A partir disso, por meio de estudos acadêmicos sobre a obra de Rulfo, em que o tema da morte e da violência aparecem em abundância, a investigação se concentra em observar a presença de Juan Preciado, personagem de grande importância na trama. Considerando sua função na narrativa enquanto único indivíduo vivo e forasteiro, neste trabalho se rastreia como suas diferenças para com os demais componentes da história dão a ele importância central na manifestação e na organização dos diversos pontos de vista que amarram o enredo. Para que isso seja possível, são mostradas as particularidades dos finados descritos pelo narrador, além de se estudar mais detalhadamente a vida e a morte de Juan Preciado. Dessa forma, o trabalho tem por objetivo final comprovar que a contraposição de tal personagem em relação aos outros funciona como um elo para a voz dos mortos no livro, e que, a partir desse elo, é então possível que as memórias dos habitantes de Comala narrem a violência, o autoritarismo e os abusos de poder exercidos por Pedro Páramo — mesmo que, para isso, o próprio Juan Preciado tenha de passar à condição de morto.