Dinâmica da linha de costa na Zona Costeira Amazônica

estudo de caso na ilha de Atalia (Salinópolis, PA).

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.26848/rbgf.v17.4.p2911-2929

Palabras clave:

Zona costeira, Geoprocessamento, Erosão, Amazônia

Resumen

O estudo dos ambientes costeiros é de extrema importância para a gestão pública, já que muitos brasileiros residem em áreas litorâneas. Apesar da vasta zona costeira do Brasil, a urbanização e a pressão demográfica têm impactado negativamente a paisagem. No Pará, promulgou-se uma lei para o gerenciamento costeiro descentralizado e planejamento efetivo de políticas adequadas. Como parte da zona costeira amazônica, Salinópolis, especialmente a Ilha de Atalaia, enfrenta questões socioembientais, como acúmulo de resíduos, falta de tratamento de esgoto, redução dos manguezais e ocupações irregulares na planície costeira em uma linha de costa dinâmica e com processos erosivos. Desse modo, a análise de variações na linha de costa através de imagens de satélite permite a identificação de processos erosivos e acrecionais em uma escala temporal. A dinâmica da erosão é essencial para compreender a modificação costeira local e subsidiar ações adequadas de ocupação e de gestão. Nesta pesquisa, realizou-se uma avaliação multitemporal (20 anos) da variação da linha de costa em Atalaia, utilizando o método Digital Shoreline Analysis (DSAS) e imagens de satélite Landsat. Entre 2002 e 2022, houve um recuo médio linear de 84,80 metros e um avanço linear de 230,54 metros. As áreas em erosão representam 21,81% da costa e são as mais expostas ao oceano, onde há uma intensa urbanização. A deposição de sedimentos na linha de costa é influenciada pela carga sedimentar dos estuários. É imprescindível que as autoridades utilizem esses resultados para fundamentar medidas adequadas de gestão e planejamento, preservando a integridade dos ambientes costeiros e garantindo a sustentabilidade local.

Biografía del autor/a

Ewerton Müller da Silva Souza, Universidade Federal do Pará

Geógrafo, formado na Universidade Federal do Pará (UFPA), Mestrando em Geografia com ênfase em dinâmicas socioambientais na amazônia pelo Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGEO). Pertenceu ao quadro de pesquisadores do Grupo de Estudos Geográficos Costeiros (EGC), credenciado pelo CNPq. Desenvolve pesquisas e estudos na área de Geografia Física, Cartografia, Geomorfologia e Geoprocessamento. Participou do Projeto de Extensão Emancipa como professor voluntário de Geografia vinculado ao Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA).

Milena Marília Nogueira de Andrade, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Geóloga, professora Adjunta Classe C da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) em Belém/PA, Instituto Ciberespacial e docente da Pós-Graduação em Gestão de Risco e Desastre na Amazônia (Instituto de Geociências/UFPA) e da Pós-graduação em Geografia (IFCH/UFPA). Sou bacharel e mestre em geologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), licenciada em Matemática pela Universidade do Estado do Pará e doutora em Ciências com área de concentração em Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA) tendo desenvolvido estágio no exterior na Christian-Albrechts-Universität (Kiel/Alemanha). Fui docente da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) onde colaborei com a criação do Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências da Terra e de Geologia (2011-2015). Tenho experiência em mapeamento do meio físico voltado para identificação e análise de riscos e desastres naturais, análises multitemporais de uso e cobertura da terra, avaliação de vulnerabilidade socioambiental, e uso de sensores remotos e geoprocessamento voltado ao planejamento ambiental e urbano. Sou editora associada do Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Ciências Naturais.

Citas

Amaral, D. D. D., Prost, M. T., Bastos, M. D. N. D. C., Neto, S. V. C., & Santos, J. U. M. D. (2008).

Ankrah, J., Monteiro, A., & Madureira, H. (2023). Shoreline Change and Coastal Erosion in West Africa: A Systematic Review of Research Progress and Policy Recommendation. Geosciences, 13(2), 59. DOI: 10.3390/geosciences13020059

Apostolopoulos, D., & Nikolakopoulos, K. (2021). A review and meta-analysis of remote sensing data, GIS methods, materials and indices used for monitoring the coastline evolution over the last twenty years. European Journal of Remote Sensing, 54(1), 240-265.

Barreto, C. E. C., & da Silva Pimentel, M. A. (2023). O risco socialmente construído em uma cidade da zona costeira amazônica, dinâmica ambiental e ocupação do solo em Vigia de Nazaré/PA, Brasil. Brazilian Journal of Environmental Sciences (RBCIAMB), 58(2), 192-202.

Bartlett, D., & Smith, J. (2004). GIS for coastal zone management. CRC press. https://doi.org/10.1201/9781420023428.

Boak, E.H. & Turner, I.L. 2005. Shoreline Definition and Detection: A Review. Journal of Coastal Research, 21(4): 688-703.

Braga, R. C., & Pimentel, M. A. S. (2019). Índice de Vulnerabilidade Diante da Variação do Nível do Mar na Amazônia: Estudo de Caso no Município de Salinópolis-Pará (Index of vulnerability faced with the variation of the sea level in the Amazon: case study in the municipality of salinópolis-Pará). Revista Brasileira de Geografia Física, 12(2), 534-561.

BRASIL, C. N. (2018). Panorama da erosão costeira no Brasil.

Bush, D. M., Neal, W. J., Young, R. S., & Pilkey, O. H. (1999). Utilization of geoindicators for rapid assessment of coastal-hazard risk and mitigation. Ocean & Coastal Management, 42(8), 647-670. ttps://doi.org/10.1016/S0964-5691(99)00027-7.

Calliari, L. J., Muehc, D., Hoefel, F. G., & Toldo Jr, E. (2003). Morfodinâmica praial: uma breve revisão. Revista brasileira de oceanografia, 51, 63-78.

Da Costa, A. M. S., de Lima, A. M. M., & de Andrade, M. M. N. (2019). Alterações na Paisagem e seus Efeitos Sobre as Áreas de Preservação Permanente em Bacias Hidrográficas no Nordeste do Estado do Pará. Revista Brasileira de Geografia Física, 12(07), 2729-2740.

De Aguiar, P. F., El-Robrini, M., Freire, G. S. S., & de Carvalho, R. G. (2012). Mudanças morfológicas na linha de costa das praias de almofala e da barreira em médio período (1958-2004) utilizando técnicas de sensoriamento remoto. Revista GEONORTE, 3(5), 1612-1623.

De França, C. F., Pereira, R. R., Júnior, J. L. D. A. F., & de Araújo, F. A. (2020). Erosão da orla costeira grande-bispo, ilha de Mosqueiro, Belém-PA, através da análise de indicadores. Geografia Ensino & Pesquisa, e20-e20.

De Souza Negrão, Y., Sousa, H. C., & Ranieri, L. A. (2022). Vulnerabilidade à erosão costeira em praias amazônicas e a ocupação populacional em áreas de riscos. Revista Brasileira de Geomorfologia, 23(2), 1264-1284.

Freitas, A., Achete, F., & Vinzón, S. B. (2020). Characterization of the Coastal Environment as a Baseline for Alternative Tourism Segments Development in Salinópolis, Pará. World, 1(3), 227-238. DOI: 10.3390/world1030017

Furtado, A. M. M., & da Ponte, F. C. (2014). Mapeamento de unidades de relevo do estado do Pará. Revista GeoAmazônia, 1(02), 56-67.

Hayashi, S. N., Souza-Filho, P. W. M., & Fernandes, M. E. (2023). Status of mangroves land use on the Brazilian Amazon coast from RapidEye imagery and GEOBIA approach. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 95, e20210468.

Hayashi, S. N., Souza-Filho, P. W. M., Nascimento Jr, W. R., & Fernandes, M. E. (2019). The effect of anthropogenic drivers on spatial patterns of mangrove land use on the Amazon coast. PLoS One, 14(6), e0217754.

Himmelstoss, E., Henderson, R. E., Kratzmann, M. G., & Farris, A. S. (2018). Digital shoreline analysis system (DSAS) version 5.0 user guide (No. 2018-1179). US Geological Survey.

IPCC. (2021). Climate Change 2021: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/

Karle, M., Bungenstock, F., & Wehrmann, A. (2021). Holocene coastal landscape development in response to rising sea level in the Central Wadden Sea coastal region. Netherlands Journal of Geosciences. https://doi.org/10.1017/njg.2021.10

Lins-de-Barros, F. M., & Milanés, C. (2020). Os limites espaciais da zona costeira para fins de gestão a partir de uma perspectiva integrada. Gestão Ambiental e sustentabilidade em áreas costeiras e marinhas: conceitos e práticas, 1, 22-50.

Mácola, G., & EL-Robrini, M. (2004). Ilha dos Guarás (Mariteua)-Município de Curuçá (NE do Pará): aspectos físicos, meteorológicos e oceanográficos. Belém: Convênio Departamento Nacional de Produção Mineral/Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais.

Muehe, D. (2005) - Aspectos gerais da erosão costeira no Brasil. Mercator (ISSN: 1984-2201), 4/7: 97-110, Fortaleza, CE, Brasil. http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/113

Muehe, D. (2006) - Erosão e progradação no litoral brasileiro. 476p., Ministério Meio Ambiente, Brasília, Brasil.: 2006. 476 p. ISBN 857738-028-9.

Muehe, D. (Ed.). (2008). Nicolodi, J. L. Geomorfologia. In: Zamboni, A.; Nicolodi, J. L. (Eds.). Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. p. 23-41.

Pais-Barbosa, J., & Marto, M. (2023). Assessing Coastal Erosion and Climate Change Adaptation Measures: A Novel Participatory Approach. Environments, 10(7), 110. DOI: 10.3390/environments10070110

Pereira, C. B., Andrade, M. M. N. (2023). Geodiversity in the Pará Coastal Zone: Mapping and Analysis of Ecosystem Services in Salinópolis, PA. In G. Seabra (Ed.), Terra: paisagens & sociobiodiversidade (Vol. 2, pp. 277-289). Ituiutaba: Barlavento.

Prestes, Y.O.; da Costa, B.T.A.; da Silva, A.C.; Rollnic, M. A discharge stationary model for the Pará-Amazon estuarine system. J. Hydrol-Reg Stud. 2020, 28, 100668. https://doi.org/10.1016/j.ejrh.2020.100668.

QUANG, Dinh Nhat et al. Long-term shoreline evolution using dsas technique: A case study of Quang Nam province, Vietnam. Journal of Marine Science and Engineering, v. 9, n. 10, p. 1124, 2021. https://doi.org/10.3390/jmse9101124.

Radambrasil, P. (1973). Levantamento de recursos naturais. Ministério das Minas e Energia, Departamento Nacional da Produção Mineral, Projeto Radambrasil.

Ranieri, L. A., & El-Robrini, M. (2016). Condição oceanográfica, uso e ocupação da costa de Salinópolis (Setor Corvina–Atalaia), Nordeste do Pará, Brasil. Revista de Gestão Costeira Integrada-Journal of Integrated Coastal Zone Management, 16(2), 133-146.

Ranieri, L. A., & El-Robrini, M. (2020). Morfologia e Sedimentação em Praias Oceânicas da Amazônia Oriental durante a Variação Anual de Chuvas. Revista Brasileira de Geografia Física, 13(05), 2086-2102.

Ranieri, L. A., & El-Robrini, M. R. (2015). Evolução da linha de costa de Salinópolis, Nordeste do Pará, Brasil. Pesquisas em Geociências, 42(3), 207-226.

Rosa, A. G., de Andrade, M. M. N., da Silva Pinheiro, C. D. P., & de Sousa, A. M. L. (2021). Avaliação da dinâmica de ocupação da terra em Salinópolis/PA com base no modelo Pressão-Estado-Impacto-Resposta (PEIR). Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, 12(7), 414-432.

Saengsupavanich, Cherdvong et al. Current challenges in coastal erosion management for southern Asian regions: examples from Thailand, Malaysia, and Sri Lanka. Anthropocene Coasts, v. 6, n. 1, p. 15, 2023. https://doi.org/10.1007/s44218-023-00030-w

SEMAS. Pará. (2014). Estudo de Criação do Monumento Natural da Atalaia. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. https://www.semas.pa.gov.br/wp-content/uploads/2014/11/2014_Estudo_Criacao_MN_Atalaia_17112014.pdf

Serrão, I. C. G. (2023). Forçantes naturais e antrópicas sobre os manguezais de Salinópolis - Pará. 1 CD-ROM. https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16229

Silva, C. V., Santos, I. R., Bezerra, P. E. S., & de Andrade, M. M. N. (2021). Análise

multitemporal da dinâmica da paisagem e da área de preservação permanente (app) da ilha de mosqueiro/PA.

Silva, C.G., Patchineelam, S.M., Baptista Neto, J.A. & Ponzi, V.R.A. 2004. Ambientes de Sedimentação Costeira e Processos Morfodinãmicos Atuantes na linha de Costa. In: Baptista Neto, J.A., Ponzi, V.R.A., Sichel, S.E. (Ed). Introdução à geologia marinha. Rio de janeiro, Interciência, p. 175-218.

Silva, M. S., Guedes, C. C. F., Silva, G. A. M. D., & Ribeiro, G. P. (2021). Active mechanisms controlling morphodynamics of a coastal barrier: Ilha Comprida, Brazil. Ocean and Coastal Research, 69, e21004. https://doi.org/10.1590/2675-2824069.20-338mss

Siyal, A. A., Solangi, G. S., Siyal, P., Babar, M. M., & Ansari, K. (2022). Shoreline change assessment of Indus delta using GIS-DSAS and satellite data. Regional Studies in Marine Science, 53, 102405. https://doi.org/10.1016/j.rsma.2022.102405.

Souza, C.R. (2009) - A Erosão Costeira e os Desafios da Gestão Costeira no Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada 9(1):1737. DOI: 10.5894/rgci147.

Stive, M. J., Aarninkhof, S. G., Hamm, L., Hanson, H., Larson, M., Wijnberg, K. M., ... & Capobianco, M. (2002). Variability of shore and shoreline evolution. Coastal engineering, 47(2), 211-235. https://doi.org/10.1016/S0378-3839(02)00126-6.

Zuchuat, V., Poyatos-Moré, M., & Sagar, L. L. (2023). Use of remote-sensing to quantify the distribution of progradation/erosion along a forced-regressive modern coastline: driving factors and impact on the stratigraphic record. The Sedimentary Record. https://doi.org/10.2110/001c.70239

Publicado

2024-07-23

Cómo citar

Souza, E. M. da S., & de Andrade, M. M. N. (2024). Dinâmica da linha de costa na Zona Costeira Amazônica: estudo de caso na ilha de Atalia (Salinópolis, PA). Revista Brasileira De Geografia Física, 17(4), 2911–2929. https://doi.org/10.26848/rbgf.v17.4.p2911-2929

Número

Sección

Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto

Artículos similares

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

También puede Iniciar una búsqueda de similitud avanzada para este artículo.