A DENÚNCIA COMO RESISTÊNCIA: A VIOLÊNCIA NOS CORPOS FEMININOS EM UMA PERSPECTIVA DE LONGA DURAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2022.v5.n19.p44-69Palavras-chave:
História, Violência, Corpos Femininos, Longa duraçãoResumo
O texto objetiva discutir, em uma perspectiva de longa duração, a experiência histórico-social de violência contra as mulheres no sertão piauiense, observando de que forma, do período colonial até a contemporaneidade, este processo se desdobra e se ressignifica, analisando, dessa maneira, tal violência como um fenômeno complexo e multi-diversificado, que abrange diferentes classes sociais, bem como cor, idade, região, escolaridade e estado civil. O argumento central desenvolvido atrela o processo em questão aos dispositivos de poder, geralmente masculinos, que configuram diferentes práticas de violência, tais como espancamentos, intimidações, humilhações e menosprezos, com a intenção de assujeitar mulheres. Entretanto, o poder é relacional, difuso, se por um lado existe a dominação masculina, por outro lado, existem as resistências femininas, elas ergueram suas vozes, deixaram claro que suas vivências e experiências não foram subservientes. Em termos teóricos, o texto se articula em torno de autores/as tais como Fernand Braudel, Michel Foucault, Walter Benjamin, Joan Scott e Pierre Ansart. Quanto à historiografia, dialoga com autores/as tais como Maria Beatriz Nizza da Silva, Maria Lúcia Mott, Mary Del Priore e Aníbal Quijano.
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