AS MÚLTIPLAS FORMAS OPRESSÃO E DOMINAÇÃO IMPOSTAS ÀS MULHERES NEGRAS E O DIREITO A AUTORREPRESENTAÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n23.p255-273Palabras clave:
Mulheres negras, opressão, autorrepresentação.Resumen
As mulheres são um grupo social marcado por trajetórias discriminatórias no Brasil e em diversas partes do mundo, mas nem todas elas sofrem as mesmas formas de violência ou com o mesmo grau de intensidade. Se for analisado pelo viés interseccional, pode inferir que fatores como raça e classe constituem formas de opressão que colocam mulheres negras em situação de vulnerabilidade social, sendo posicionada nos estratos mais baixos de hierarquia social. A cosmovisão social segregadora estimulou e naturalizou os atributos e capacidades da mulher negra vinculada à servidão, diante disso, elementos como a economia, a linguagem e a cultura, reforçam padrões de dominação masculina e hierarquização dentro da própria categoria de gênero. O racismo estrutural na sociedade brasileira vem instituindo formas injustas e violentas de distribuição de oportunidades e de mobilidade social quando destina aos homens brancos os espaços de poder e de privilégio, reservando às mulheres, principalmente as afrodescendentes, ocupações com pouco prestígio social. As relações sociais tem se fundamentado em práticas que perpetuam as desigualdades, em razão disto, este ensaio resgata a ativista Ana Júlia Cooper quando afirma que o direito a autorrepresentação e participação em movimentos políticos é condição essencial para a superação da condição de servilismo, de objetificação, rompendo assim com as múltiplas formas de opressão e dominação sobre as mulheres pretas e pardas.
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