"Língua Brasileira”: um passeio pelo inconsciente do português brasileiro através da letra de Tom Zé
Mots-clés :
Palavras-chave, Tom Zé, Língua Brasileira, Literatura Comparada, Manifesto Antropofágico.Résumé
Este artigo propõe a análise da letra Língua Brasileira, de Tom Zé, confrontando o texto do compositor com os textos que, ao longo da pesquisa, foram sendo identificados, enquanto base comparativa, para o processo de construção da letra aqui analisada. Dentre os textos comparados, podemos destacar o poema Língua Portuguesa, de Olavo Bilac (1976) e Nau Catrineta (poema anônimo) extraído do romanceiro de Almeida Garret (2000). Objetiva-se demonstrar como o processo criativo do artista está interligado com as contribuições do Manifesto Antropófago (1928) de Oswald de Andrade. Dentro desta perspectiva, encontramos aporte no conceito trazido por Tânia Franco Carvalhal em seu livro Literatura Comparada (2006), que trata da “voracidade antropofágica” e vê na reversão de direção entre a periferia e o antigo centro (Europa). Segundo esse conceito, o representante da cultura periférica e dependente pode passar de “devorado a devorador” por meio da transculturação para acentuar o processo de transformação cultural, caracterizado pela influência de elementos de outra cultura, o que provoca a perda ou a alteração dos elementos já existentes. Tom Zé, munido pela antropofagia oswaldiana, investe contra a cultura do colonizador, mutilando-a, espremendo-lhe o suco e extraindo dela apenas o que lhe serve. Foi assim no Tropicalismo e continuou assim ao longo de sua carreira.
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