RE(EXISTÊNCIAS) E INSURGÊNCIAS CONTRA O GENOCÍDIO E O EPISTEMICIDIO NOS PROCESSOS EXTRATIVISTAS NA AMAZÔNIA EQUATORIANA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n21.p179-210

Palavras-chave:

re(existência), epistemicido, teoria decolonial.

Resumo

Este texto visa analisar os processos de re(existência) e insurgências dos povos indígenas Kichwas e Waoranis contra os processos extrativistas na Amazônia Equatoriana. As análises propostas resultam do trabalho de campo realizado (durante a instância de pesquisa doutoral) junto a estes povos no ano de 2017. E também de vivências anteriores com outras etnias no contexto de países latino-americanos, a partir do ano de 2009. A metodologia adotada de orientação decolonial objetivou romper com as formas clássicas de fazer pesquisa nas ciências sociais. Optamos por um percurso investigativo baseado na alteridade, num estar lado-a-lado com estes sujeitos, produzindo uma ruptura na ideia de objeto de pesquisa. As conclusões deste estudo apontam para um processo de re(existência) às racionalidades extrativistas moderno/coloniais/eurocêntricas que encobrem/exterminam este “outro”, percebido não como um igual, mas como alguém inferior, atrasado e selvagem. Apesar dos processos de genocídio e de epistemicidio existem novos e importantes processos de resistência que se organizam de forma comunitária desde os territórios e que tem reverberado internacionalmente, demonstrando a capacidade de organização e resistência destes povos.

Biografia do Autor

janete schubert, FACULDADE LATINO-AMERICANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS (FLACSO)

Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, CAPES 7). Pesquisadora associada à Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), instituição presente em quinze países, desde 2017. Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Realizou curso pela International People´s Health University (IPHU) em Havana, Cuba. Foi professora na Universidade de Cruz Alta de 2013 a 2019, trabalhando com as disciplinas de sociologia geral, urbana e jurídica e antropologia geral e jurídica. Atuou como assessora no Programa de Formação continuada dos Professores de educação Básica da Rede Pública da Macrorregião Missioneira - Noroeste do Estado do RS/ Grupo de Trabalho de Sociologia, em 2014. Participou do Programa Rede Escola de Governo, atuando em processos formativos em 20 municípios do Rio Grande do Sul, em 2014. Coordenou o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID na Universidade de Cruz Alta, no ano de 2018. Integrou o núcleo de direitos humanos da Unicruz. Participou em diversos projetos de extensão universitária, coordenou a missão Jenipapo do Projeto Rondon na cidade de Icatu, no Maranhão, realizando ações em territórios quilombolas. Foi colaboradora na II expedição Brasil/Argentina - TECHO, juntos por um mundo sem pobreza, em Misiones/Argentina. Participou como colaboradora da Expedição Canadá-Brasil da Universidade de Montreal, em 2015. Professora convidada do Instituto Josué de Castro desde 2003. Participou como pesquisadora da missão exploratória para ONG Francesa Médicis du Monde no Uruguai. Desenvolve pesquisas e trabalhos acadêmicos sobre os seguintes temas: Sumak Kawsay/Buen Vivir, decolonialidade, ecofeminismo, dinâmicas extrativistas no contexto dos países Brasil, Equador, Bolívia e Peru. Trabalhou com populações Kichwas/quéchuas no Equador e Peru e Mapuches no Chile. Atualmente integra o Groupe de recherche interdisciplinaire sur les territoires de lextractivisme (GRITE) do Canadá. Além do âmbito acadêmico, atuou em diversas ONG´s nacionais e internacionais. Foi Diretora Executiva da ONG PROAME que trabalha na defesa de direitos humanos de crianças e adolescentes. Coordenou o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAM) no Estado do Rio Grande do Sul. Foi coordenadora da equipe técnica do projeto Mulheres da Paz (Programa do Ministério da Justiça). Tem experiência em ensino, pesquisa e extensão e na coordenação de projetos e politicas públicas em direitos humanos. Integrante do People´s Health Movement presente em 90 países e do Movimento pelo Buen Vivir Global. É membro da Assembleia Socioambiental Latino-americana. Integra o coletivo feminista Angela Davis. Atualmente é professora do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).

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Publicado

2023-11-07

Como Citar

schubert, janete. (2023). RE(EXISTÊNCIAS) E INSURGÊNCIAS CONTRA O GENOCÍDIO E O EPISTEMICIDIO NOS PROCESSOS EXTRATIVISTAS NA AMAZÔNIA EQUATORIANA. Revista Debates Insubmissos, 6(21), 179–210. https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n21.p179-210

Edição

Seção

Dossiê - Povos indígenas e suas epistemologias como expressão de educações nas lutas de reexistir nos processos históricos/sociais

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