LEI 12. 711/2012: POLÍTICAS E DISPUTAS NO ACESSO, PERMANÊNCIA E FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n20.p220-244Palavras-chave:
Instituto de Educação Superior (IES), decolonialidade, políticas públicas, formação docente e discente.Resumo
Na busca de romper as amarras da colonização e reconhecer processos invalidados, é urgente a necessidade de lançar um olhar investigativo para políticas públicas que garantam a emancipação e a justiça social. Nesse exercício de romper com a geopolítica do conhecimento e do poder, inspiradas/o na desobediência epistêmica, investigamos a situação de entrada e permanência, dos grupos marginalizados, nas Instituições de Educação Superior (IES) e as políticas que acompanham essa realidade. Por essa via, este trabalho se dedica a analisar o acesso, permanência e a formação de estudantes participantes da Lei de cotas 12.711, que atravessados pela colonialidade/modernidade, ingressam no ensino superior como ato concreto de descolonização. Como opção política e epistêmica, adotamos o pensamento decolonial como abordagem teórica. Entendemos que as chaves conceituais trazidas pelas/os autoras/es (Walter Mignolo, 2008, 2017; 2021; Nelson Maldonado-Torres, 2008; Catherine Walsh, 2009, 2016) em intersecção, propõem para o campo da formação docente/discente opções decoloniais de enfrentamento as desigualdades enquanto resultado do processo da colonialidade. Como orientação teórico-metodológico na construção da investigação, utilizamos a revisão bibliografia numa perspectiva decolonial a partir dos teóricos latino-americanos. Na intenção de manter o debate e reflexão sobre a importância de uma agenda democrática que inclui, na atualidade, enfrentamentos ao sistema desigual, mas que podem oferecer pontos de contato para outras lutas que se concentram nas experiências de resistências populares no Brasil.
Referências
BERNARDINO-COSTA, Joaze; TORRES, Nelson Maldonado. GROSFOGUEL, Ramón. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
BRASIL, Lei 12.288/10. Estatuto da Igualdade Racial. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/igualdade-etnico-racial/publicacoes/estatuto_igualdade_digital.pdf
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo da Educação Superior 2020: notas estatísticas. Brasília, DF: Inep, 2022.
BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 30 ago. 2012. Seção 1, p. 1.
BRASIL. Lei Nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
BRASIL. O impacto das cotas nas universidades brasileiras (2004-2012) / Jocélio Teles dos Santos, organizador. Salvador: CEAO, 2013. 280 p. disponível em: http://www.redeacaoafirmativa.ceao.ufba.br/uploads/ceao_livro_2013_JTSantos.pdf. Acesso em 15 de janeiro de 2023.
BRASIL. Educação como exercício de diversidade. – Brasília: UNESCO, MEC, ANPEd, 2005. 476 págs. – (Coleção educação para todos; 6). Os negros, a educação e as políticas de ação afirmativa. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26421824_Os_negros_a_educacao_e_as_politicas_de_acao_afirmativa Acesso em 17 de janeiro de 2023.
CARNEIRO, S. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-132, 2003.
Ciências Sociais Articuladas – O Congresso e a Revisão da Política de Cotas. Disponível em: https://olb.org.br/ciencias-sociais-articuladas-o-congresso-e-a-revisao-da-politica-de-cotas/ acesso em 09 de jan. de 2023
D’ÁVILA NETO, M. O autoritarismo e a mulher: o jogo da dominação macho-fêmea no Brasil. Rio de Janeiro: Achiamé, 1980.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Unesp, 2003.
FREYRE, G. Casa Grande e Senzala. 27. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.
GOMES, J. B. B. A Recepção do Instituto da Ação Afirmativa pelo Direito Constitucional Brasileiro. In: BRASIL. Ministério da Educação. Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas/Sales Augusto dos Santos (org.). – Brasília: Ministério da Educação: UNESCO, 2005, p. 47-82. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=652-vol5afr-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 18 de janeiro de 2023.
GOMES, Nilma Lino. A mulher negra que vi de perto. Belo Horizonte: Mazza, 1995.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Prefácio. In: Acesso e Permanência da população negra no ensino superior / Maria Auxiliadora Lopes e Maria Lúcia de Santana Braga, organização. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade : Unesco, 2007. 358 p. (Coleção Educação para Todos ; v. 30).
LOPES, Beatriz Gouvea; Gonçalves, Josiane Peres. “Oh, aqui também a gente está chegando!” Professoras negras e representatividade racial na universidade. RECC, Canoas, v. 27 n. 1, 01-19, fevereiro, 2022. Disponível em: https://revistas.unilasalle.edu.br/index.php/Educacao/article/view/8614
LUGONES, Maria. Peregrinajes: Teorizar una coalición contra múltiples opresiones. 1ª ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2021.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Descolonização e a virada descolonial. Revista Tabua Rasa, Bogotá – Colombia. N. 9: 61-72, julho-dezembro 2008.
MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, no 34, p. 287-324, 2008. Disponível em: http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf acesso em 24 de jan. de 2023.
MIGNOLO, Walter D. DESOBEDIÊNCIA EPISTÊMICA, PENSAMENTO INDEPENDENTE E LIBERDADE DECOLONIAL. Revista X, Paraná, v. 16, ed. 1, p. 24-53, 2021.
MIGNOLO, Walter. Desafios coloniais hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, 1(1), PP. 12-32, 2017
MIRANDA, Claudia. Afro-colombianidade e outras narrativas: a Educação Própria como agenda emergente. Revista Brasileira de Educação, v. 19, n. 59, p. 1053-1076, dez. 2014.
MIRANDA, Claudia. Currículos Decoloniais e outras Cartografias para a Educação das Relações Étnico-Raciais: Desafios Políticos-Pedagógicos frente a Lei 10.639/2003. Revista da ABPN, v 5, n.11. jul. – out. 2013, p. 100-118.
MIRANDA, Claudia. Narrativas Subalternas e Políticas de Branquidade: O Deslocamento de Afrodescendentes como Processo Subversivo e as Estratégias de Negociação na Academia. 2006, 242 f., 30 cm. Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-graduação em Educação.
NASCIMENTO, Abdias do. O quilombismo. Brasília/Rio de Janeiro: Fundação Palmares, 2002.
Oliveira, Edicleia Lima de. Trajetórias e Identidades de Docentes Negras na Educação Superior [recurso eletrônico] / Edicleia Lima De Oliveira. -- 2020. Disponível em: https://files.ufgd.edu.br Acesso em 10 de jan. de 2023
OLIVEIRA, Iolanda de (Org). Cor e Magistério. Rio de Janeiro: Quartet; Niterói: Ed.UFF, 2006.
PAZ, Otávio. O labirinto da solidão e post scriptum; tradução de Eliane Zagury. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984. Disponível em: https://www.academia.edu/40348811/PAZ_Octavio_O_labirinto_da_solid%C3%A3o
QUIÑONEZ, Santiago Arboleda. Le han florecido nuevas estrellas al cielo: suficiencias íntimas y clandestinización del pensamiento afrocolombiano. Universidad Andina Simón Bolívar Ecuador. Doctorado en Estudios Culturales Latinoamericanos. Santiago De Cali, 12 julio de 2016.
REGO, Noelia Rodrigues Pereira. Educação Popular, educação libertária e os movimentos sociais como meios de insurgência e resistência em nossas terras. Revista de Ciências da Educação, Americana, ano XX, ed. 41, p. 163-188, Outubro 2018. DOI https://doi.org/10.19091/reced.v0i0.700.
SANTOS, Tereza Josefa Cruz dos. Professores universitários negros: uma conquista e um desafio a permanecer na posição conquistada. In: OLIVEIRA, Iolanda de (org.). Cor e Magistério. Rio de Janeiro: Quartet; Niterói: EDUFF, 2006.
SECAD. Acesso e Permanência da população negra no ensino superior / Maria Auxiliadora Lopes e Maria Lúcia de Santana Braga, organização. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade : Unesco, 2007. 358 p. (Coleção Educação para Todos ; v. 30).
SEGATO, Rita. Crítica da colonialidade em oito ensaios: e uma antropologia por demanda. 1. ed. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021. 345 p. ISBN 978-65-86719-62-8.
WALSH, C. Interculturalidad crítica y educación intercultural. 2009. (Conferência apresentada no Seminário “Interculturalidad y Educación Intercultural”, Instituto Internacional de Integración del Convenio Andrés Bello, La Paz). Disponível em: <http://docplayer.es/13551165-Interculturalidad-critica-y-educacion-intercultural.html>. Acesso em: 10 março de 2017.
WALSH, Catherine. Notas pedagógicas a partir das brechas decoloniais. In: Interculturalizar, descolonizar, democratizar: uma educação “outra”? Vera Maria Candau (org.). Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença