Sobre a perda parcial do movimento do verbo no português brasileiro: a analiticização do tempo futuro
DOI :
https://doi.org/10.51359/2175-294x.2020.241775Mots-clés :
analiticização, tempo futuro, movimento do verbo, português brasileiro.Résumé
Neste artigo, mostro que, contrariamente à Biberauer & Roberts (2010), o português brasileiro (PB) ainda tem o movimento de verbo nas construções de futuridade, mesmo que parcialmente. Argumento que o processo de analiticização de futuridade no PB desencadeou perda de movimento a um núcleo funcional mais alto (TP), muito embora o verbo continue se movendo para um núcleo funcional mais baixo, WollP. Para tanto, mostro que o futuro sintético existente no PB, residual, não veicula temporalidade, e que o licenciamento da elipse de VP e a ordem do advérbio ‘sempre’ sugerem que o pouso do verbo foi alterado.Références
ABUSCH, Dorit. On the Temporal Composition of Infinitives. In: GUÉRON, J.; LACARME,J. (Ed.). The syntax of time. Cambridge: MIT, 2004. p. 27-53.
AMBAR, Manuela; GONZAGA, Manuela & NEGRÃO, Esmeralda. Tense, quantification and clause structure in EP and BP. Evidence from a comparative study on sempre. Reineke Bok-Bennema, Bart Hollebrandse, Brigitte Kampers-Manhe & PetraSleeman (eds). Amsterdam: John Benjamins, 2004.
ANDERSON, Eric W. "The development of the Romance future tense: Morphologization and a tendency toward analyticity." Papers in Romance I :21-35, 1979.
BERLINCK, Rosane de Andrade. A ordem VS no português do Brasil: sincronia e diacronia. Dissertação de mestrado. Campinas: UNICAMP, 1988.
BIBERAUER, Theresa & ROBERTS, Ian. Subjects, tense and verb-movement. In Parametric Variation: Null Subjects in Minimalist Theory, Theresa Biberauer, Anders Holmberg, Ian Roberts & Michelle Sheehan (eds), 263–302. Cambridge: CUP, 2010.
BRITO, Ana Maria. Clause structure, subject positions and verb movement about the positions of sempre in European Portuguese and Brazilian Portuguese. Current Issues in Linguistic Theory. Amsterdam, Philadelphia: Jonh Benjamins Publishing Company. p. 63-85, 2001.
CHOMSKY, Noam. The Minimalist Program. Massachusetts: MIT Press, 1995.
CHOMSKY, Noam. Minimalist inquiries: e Framework. In Step by Step. Essays in Minimalist Syntax in Honor of Howard Lasnik, Roger Martin, David Michaels & Juan Uriagereka (eds). Cambridge MA: e MIT Press, 2000.
CHOMSKY, Noam. Derivation by Phase. In Ken Hale: A Life in Language, Michael Kenstowicz (ed.). Cambridge MA: e MIT Press, 2001.
CYRINO, Sonia. Algumas questões sobre a elipse de VP e objeto nulo em PB e PE. In Guedes, M; Berlinck, R. de A.; Murakawa, C. de A.A. (orgs.) Teoria e análise lingüisticas: novas trilhas. Araraquara: Laboratório Editorial FCL/UNESP,SP, Cultura Acadêmica, p. 53-79, 2006.
CYRINO, Sonia. On Richness of Tense and Verb Movement in Brazilian Portuguese. In: Camacho-Taboada, M. V. et al. (Ed.) Information Structure and Agreement. Amsterdam: John Benjamins, p. 297-317, 2013.
CYRINO, Sonia & MATOS, Gabriela. 2002. VP Ellipsis in European and Brazilian Portuguese: A comparative analysis. Journal of Portuguese Linguistics 1(2). 177–214.
CYRINO, Sonia & MATOS, Gabriela. Journal of Portuguese Linguistics 4(2): 79–112, 2005.
CYRINO, Sonia; LOPES, Ruth. Null objects are ellipsis in Brazilian Portuguese. LINGUIST REV, v. 33, p. 1-19, 2016.
DEGRAFF, Michel. Verb Syntax in, and Beyond, Creolization. In L. Haegeman (ed.), The New Comparative Syntax, New York: Longman, 64-94, 1997.
DORDRECHT: Kluwer Academic Publisher, 1997, p. 282-337.
DUARTE, Eugenia. A perda do principio “Evite Pronome” no português brasileiro. Ph.D. dissertation, University of Campinas, 1995.
ELLIOTT, Jennifer. R. Realis and Irrealis: Forms and Concepts of the Grammaticalization of Reality. Linguistic Typology, Berlin, v. 4, n. 1, p. 55-90, 2000.
GALVES, Charlotte. O Enfraquecimento da Concordância no Português Brasileiro. In: ROBERTS, I; KATO, M. (Org.) Português Brasileiro: Uma Viagem Diacrônica. Campinas: Editora da UNICAMP, 1993, p. 387-408.
GALVES, Charlotte. Ensaios sobre as gramáticas do português. Campinas: Ed Unicamp, 2001.
GIORGI, Alessandra & PIANESI, Fabio. Tense and Aspect: From Semantics to Morphosyntax. Oxford: OUP, 1997.
JOHNSON, Kyle. What VP ellipsis can do, and what it can’t, but not why. In Mark Baltin and Chris Collins (eds.), The handbook of contemporary syntactic theory, 439-479. Blackwell, 2001.
KATO, Mary & NEGRÃO, Esmeralda. Null Subject Parameter in Brazilian Portuguese, 2001.
KATO, Mary & ROBERTS, Ian. (Org.) Português brasileiro: uma viagem diacrônica. 2. Ed. Campinas: editora da Unicamp, 1993. 425p.
KOENEMAN, Olaf & NEELEMAN, Ad. (2001) Predication, verb movement and the distribution of expletives. Lingua 111(3):189-233
LOBATO, Lucia. Os verbos auxiliares em português contemporâneo: critérios de auxiliaridade. In: LOBATO, Lucia; POTTIER, Bernard; D’INTRONO, Francisco; LOFFLER-LAURIAN, Anne- Marie & VIDAL, Anne-Marie. Análises Lingüísticas. Petrópolis: Vozes, p. 27-91, 1975.
LOBECK, Anne. VP-Ellipsis and the Minimalist Program: Some Speculations and Proposals. In Fragments – Studies in Ellipsis and Gapping. New York/Oxford: Oxford University Press, 1999.
LONGO, Beatriz & SOUZA CAMPOS, Odette. A auxiliaridade: Perífrases de aspect e tempo no português falado. In Gramática do Português Falado, Vol. VIII, Maria Bernadete Abaurre & Angela Rodrigues (eds). Campinas: Ed Unicamp, 2002.
LUNGUINHO, Marcus Vinícius da Silva. Dependências morfossintáticas: a relação verbo auxiliar-forma nominal. Revista de Estudos Linguísticos, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 457- 489, 2006.
LUNGUINHO, Marcus Vinícius da Silva. Verbos auxiliares e a sintaxe dos domínios não finitos. 2011. 225 f. Tese (Doutorado em Linguística) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
MATOS, Gabriela & CYRINO, Sonia. Elipse do VP no Português Europeu e no Português Brasileiro. II Encontro Internacional da ABRALIN, 2001.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Estruturas trecentistas: Elementos para uma gramática do português arcaico. Lisboa: Estudos Gerais, Imprensa Nacional, 1989.
PESETSKY, David; TORREGO, Esther. The Syntax of Valuation and the Interpretability of Features. In: KARIMI, S.; SAMIIAN, V.; WILKINS, W. (Ed.). Phrasal and Clausal Architecture: Syntactic Derivation and Interpretation. Amsterdam: John Benjamins, 2007. p.262-294.
RECH, Nubia Ferreira. Auxiliaridade verbal: uma análise dos núcleos funcionais ir e ter no Português brasileiro. In: Cadernos do IL, Porto Alegre, n. 46, junho de 2013. P. 65-89.
REICHENBACH, Hans Elements of Symbolic Logic. New York: Macmillan & Co, 1947.
REINTGES, Chris & CYRINO, Sonia. Analyticization and the syntax of the synthetic residue: A macrocomparative perspective. p. 179-201, 2018.
ROBERTS, Ian; ROUSSOU, Anna. Syntactic Change: A Minimalist Approach to Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University, 2003.
Roberts, Ian. Verbs and Diachronic Syntax: A Comparative History of English and French. Dordrecht: Kluwer, 1993.
TARALLO, Fernando. Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. Tese de doutorado, University of Pennsylvania, 1983.
VENDLER, Zeno. Verbs and times. In: VENDLER, Zeno. Linguistics in philosophy. Ithaca: Cornell University Press, 1967. p. 97-121.
VIKNER, Sten. V-to-I movement and inflection for person in all tenses. In e new Comparative Syntax, Liliane Haegeman (ed.), 187–213. London: Longman, 1997.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
© Paulo Ângelo Araújo-Adriano 2020

Ce travail est disponible sous la licence Creative Commons Attribution 4.0 International .
Autores que publicam na Revista Investigações concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (exemplo: depositar em repositório institucional ou publicar como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Qualquer usuário tem direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
Adaptar — remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.
O licenciante não pode revogar estes direitos desde que você respeite os termos da licença.
De acordo com os termos seguintes:
Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.