QUESTIONAR SABERES: O LUGAR DO “NÃO-LUGAR ” DOS DISCURSOS PERIFÉRICOS
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n21.p44-67Palavras-chave:
Decolonialização, Sujeitos periféricos, Texto e contexto.Resumo
No artigo, empreendo como objetivo central questionar alguns saberes a partir de minha própria vivência como professora-pesquisadora-periférica que circula em um lugar que garante status social, cuja presença é socialmente justificada pelo equivocado discurso meritocrático. Questiono saberes, também, a partir de minha própria vivência como mulher não-preta, não-subempregada, não-favelada, não-informalizada, não-artista, que não tem um lugar marcado nas cadeiras dos engajamentos com terrenos mais delimitados. Questiono saberes a partir de minha própria vivência como quem não é mais considerada plenamente uma dos seus, tampouco passou ou passará a ser considerada uma dos deles – sujeito considerado fincado em um não-lugar nos discursos de pertencimentos. É, pois, a partir desse lugar discursivo, o não-lugar, que revisito minha pesquisa de doutoramento, ressignifico algumas reflexões, amplio alguns debates e inscrevo meu terreno no endereço das nuanças como também-lugar, e legítimo, no contexto em que se luta, sobrevive, resiste e em que se tenta uma reexistência por meio da perspectiva da decolonização – do poder, do saber, do ser.
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