APRENDER A SER E A VIVER COM OS HUNI KUIN: EDUCAÇÃO, IMAGINÁRIO E SENSIBILIDADE NO JOGO “HUNI KUIN - OS CAMINHOS DA JIBÓIA”
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2023.v6.n20.p279-305Palavras-chave:
Huni Kuin, Educação decolonial, Jogo eletrônico, Educação estética,Resumo
Uma educação decolonial (WALSH, 2013) se constrói a partir do diálogo com práticas e saberes ameríndios e afroamericanos, considerando imaginários, percepções e afetos outros, não delimitados pelo horizonte do colonialismo e da colonialidade, mas que se abra para modernidades outras (DUSSEL, 2005). O objetivo deste trabalho é fazer ver e circular conhecimentos do povo Huni Kuin, seus modos de ser, viver e narrar, a partir do jogo “Huni Kuin: os caminhos da Jibóia” (2016). A metodologia empregada no artigo foi de caráter exploratória (GIL, 2008) e os procedimentos técnicos foram a revisão de literatura, a análise midiática (KELLNER, 2001) e a análise de imaginário (GASI, 2016). Como resultados identificamos que o jogo é uma importante ferramenta para a construção de uma educação estética decolonial (SILVA, 2021), tanto por seus elementos gráficos e audiovisuais, quanto por sua própria elaboração, que se deu a partir da produção partilhada de conhecimento.
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