EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA COMO PRÁTICA DE LIBERDADE: TEORIA FEMINISTA NA AÇÃO PEDAGÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.32359/debin2024.v7.n27.p157-184Palabras clave:
Educação não sexista, identidades de gênero, diversidade sexual, teoria feministaResumen
Este artigo aborda as relações de manutenção de estruturas opressivas no campo da educação, nomeadamente no que se refere à diversidade sexual e de gênero, que podem, por meio de uma perspectiva freireana e da teoria feminista, vislumbrar práticas pedagógicas que incentivem a que os/as educandos/as sejam mais autônomos/as. Argumenta-se que a imutabilidade e constância de diversos conceitos e posturas, em muitos casos, alimenta a mera reprodução de quietudes, silêncios e condutas que não estimulam a alteridade. Recorrendo a uma metodologia de tipo qualitativo e exploratório e através de uma extensa revisão de literatura e reflexão detida sobre importantes conceitos, objetiva-se elencar o processo de construção de práticas regulares de educação não sexista no campo escolar. Uma educação não sexista é possível a partir do momento em que a educação – e a escola como parte do processo – envolve os mais diversos atores sociais implicados com a causa. Para tal, é necessária uma alteração profunda de mentalidade acerca das diversidades sexuais e de gênero enquanto compromisso ético-político de todas as pessoas e instituições.
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